Título: Progus declara capital de apenas R$ 2 mil
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Fonte: O Globo, 27/05/2008, O País, p. 9

Empresa intermediava empréstimos milionários

SÃO PAULO. Embora tenha se envolvido com a intermediação de empréstimos milionários no BNDES, representando empresas do porte das Lojas Marisa, do consórcio CRTC Terminal Rodoviário de Campinas e de prefeituras como a de Praia Grande, a empresa de consultoria Progus tem um capital social ínfimo. A empresa de Marcos Mantovani, um dos alvos de operação da PF, tem registrado na Junta Comercial de São Paulo capital de R$2 mil.

A Progus forneceu à Junta Comercial do Estado o endereço de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, como sede da empresa, embora seu escritório fique no bairro dos Jardins, na região da Avenida Paulista. A prática é comum para os que querem reduzir o pagamento de impostos, já que na capital paulista a carga tributária é maior.

Segundo relatório da PF encaminhado semana passada à Justiça Federal, a "organização criminosa" montada para permitir a "liberação e desvio" de verbas públicas do BNDES, utilizou a empresa Progus Investimento, Consultoria e Assessoria Ltda, de propriedade de Marcos Mantovani, como intermediária para atuar junto ao banco na liberação dos recursos para a prefeitura de Praia Grande (R$124 milhões) e Lojas Marisa (R$100 milhões).

A PF localizou em diligência na casa de Bóris Timoner, que prestava serviços para as Lojas Marisa, um contrato entre a empresa e a Progus. O documento mostra que a Progus estava sendo contratada para facilitar a obtenção do empréstimo de R$100 milhões junto ao BNDES e teria como contrapartida uma taxa de sucesso de 1,95% do valor total obtido. Numa das parcelas de R$39,8 milhões liberada pelo BNDES para as Lojas Marisa, a Progus recebeu R$777 mil, incluindo impostos. Esse valor foi rateado, segundo as planilhas, para integrantes do esquema.

Para o advogado de Mantovani, Antônio Ruiz Filho, o fato de a Progus ter um capital tão pequeno não a desqualifica para tratar com grandes empresas. Ruiz afirmou que a empresa nunca recebeu "um centavo do BNDES".