Título: Corregedor recomenda processo contra Paulinho
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Fonte: O Globo, 27/05/2008, O País, p. 9
Inocêncio envia hoje parecer à Mesa da Câmara apontando quebra de decoro; caso vai para o Conselho de Ética
BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. O corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), encaminha hoje à Mesa Diretora da Casa pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical. O deputado é acusado de envolvimento no esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), descoberto pela Polícia Federal na Operação Santa Teresa. O caso deverá ser remetido ao Conselho de Ética. Se ficar caracterizada a quebra de decoro parlamentar, o colegiado poderá pedir a cassação do mandato do deputado.
Inocêncio tem dito que a cada dia novos detalhes da investigação complicam a situação de Paulinho. Os advogados da Corregedoria anexaram todos os documentos já recebidos sobre o caso até agora, além da defesa do deputado. Ele nega qualquer envolvimento no esquema. O corregedor estava aguardando o envio do inquérito completo do Ministério Público Federal, mas diante da demora, ele decidiu concluir o parecer e entregá-lo ainda hoje à Mesa. Os integrantes da Mesa é que decidirão se a representação será enviada ao Conselho de Ética.
O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), já adiantou que a Mesa seguirá a decisão da Corregedoria. Além do suposto envolvimento no desvio de verbas no BNDES, há conversas telefônicas feitas pela Polícia Federal que poderão contribuir para as acusações de quebra de decoro por parte do parlamentar.
No discurso na sede do BNDES, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um desagravo aos funcionários do banco. Diante de servidores, ele defendeu a imagem do banco:
- Em primeiro lugar, queria prestar solidariedade ao corpo de funcionários do BNDES. É bem possível que numa instituição do tamanho do BNDES você possa ter uma ou outra pessoa que cometa desvios e, portanto, tem que pagar um preço pelo desvio. Mas é verdade também que poucos países do mundo conseguiram criar uma instituição de financiamento tão sólida como o nosso querido BNDES.
Ontem, Paulinho não quis comentar o relatório da PF que o acusa de participação decisiva no esquema de intermediação de recursos do BNDES.
- Não falo porque qualquer coisa que eu falar será usada contra mim - disse Paulinho, depois de um encontro no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo com representantes de outras centrais sindicais.
A Justiça Federal começou a ouvir ontem os envolvidos na Operação Santa Teresa. João Pedro de Moura, consultor da Força Sindical, e Marcos Mantovani, dono da empresa Progus, assumiram a culpa e inocentaram Paulinho e o advogado Ricardo Tosto. Segundo o advogado de Mantovani, Antônio Ruiz Filho, seu cliente e João Pedro disseram que ambos usaram indevidamente o nome de Paulinho para captar clientes para a empresa. Mantovani disse também, segundo o advogado, que os nomes PA e RT nos canhotos dos cheques são realmente de Paulinho e Tosto. No entanto, o nome de Paulinho teria sido usado por Moura para aumentar a sua parte na divisão do rateio. Já o dinheiro que destinado a Tosto seria para pagamento de honorários advocatícios atrasados.
Para a procuradora Adriana Scordamaglia, os depoimentos não trouxeram novidades.
- Os depoimentos corroboram com as investigações. Não há surpresas nem mudança de rumo no processo.