Título: Índios e Funasa chegam a acordo
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Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Brasil, p. 14

Os índios que estavam acampados em frente à sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em São Paulo voltaram a ocupar o prédio, no Centro da capital paulista, ontem de manhã. A nova invasão durou cerca de três horas e terminou depois que os indígenas aceitaram a proposta de diálogo apresentada pelo presidente do órgão, Danilo Forte, que assinou um documento se comprometendo a cumprir algumas das reivindicações dos manifestantes. A demissão do coordenador regional do órgão Raze Rezek, reivindicada pelos indígenas, no entanto, não será discutida, segundo Forte.

Entre os compromissos assumidos pelo presidente da Funasa estão a liberação de materiais e equipamentos que ajudem no saneamento e abastecimento de água nas aldeias, o fornecimento de 10 veículos para o atendimento à saúde dos índios e o investimento de cerca de R$ 2 milhões que estavam disponíveis no orçamento do ano passado, mas não foram aplicados pela coordenadoria.

Ao conseguirem essas reivindicações, os índios abriram mão da demissão de Rezek, a quem acusam de ter piorado o atendimento às aldeias desde que assumiu o cargo, três anos atrás. ¿Não há ambulâncias para transportar os doentes. Em muitos lugares o esgoto corre a céu aberto e não há fornecimento de água tratada. As crianças estão ficando doentes¿, reclama o cacique Guaraci Uwewidjú, um dos porta-vozes do grupo.

Comissão O acordo feito ontem prevê ainda a formação de uma comissão composta por cinco lideranças indígenas, cinco representantes da Funasa e um da Defensoria Pública que fará uma avaliação de toda a pauta de reivindicações apresentada em novembro do ano passado.

A primeira reunião está agendada para o próximo dia 20, às 14h30, em Brasília. A Funasa se comprometeu a entregar quatro dos 10 veículos destinados ao atendimento à saúde da população indígena no mesmo dia.

O impasse começou na terça-feira passada, quando o grupo composto de cerca de 60 pessoas invadiu o prédio e manteve cinco diretores como reféns. Eles permaneceram no local até a quinta-feira à noite, quando souberam que a Justiça havia determinado a reintegração de posse do imóvel à Funasa. Com isso, eles decidiram deixar o prédio, mas permaneceram acampados na rua até ontem de manhã, quando realizaram a nova ocupação. Segundo a Polícia Militar, um grupo ainda permanecia na frente do prédio ontem à noite, mas os líderes do movimento já consideravam o protesto encerrado.