Título: Fazenda e BC tentam capitalizar nota
Autor:
Fonte: O Globo, 30/05/2008, O globo, p. 28

Mantega e Meirelles destacam suas políticas como fator para aval da Fitch

Patrícia Duarte e Martha Beck

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comemoraram ontem a classificação da Fitch, repetindo a batalha pelos holofotes quando o Brasil estreou no mundo dos países com grau de investimento, há um mês. Cada um enfatizou um motivo ligado à sua atuação para justificar a melhora. Meirelles se agarrou à capacidade de o Brasil "crescer com estabilidade". Já Mantega disse que "a principal razão é o reconhecimento da solidez fiscal do país".

- Não é por acaso que a Fitch nos concede o grau de investimento no dia seguinte à apresentação do resultado fiscal do primeiro quadrimestre de 2008. Tivemos um resultado muito bom, superávit nominal. Isso significa que pagamos todas as contas, não só as primárias, mas também juros, e diminuímos a dívida pública para 40% do PIB - disse o ministro.

O presidente do BC reconheceu que a política de superávits contribuiu para o resultado, mas preferiu enfatizar a importância dos regimes de meta de inflação e de câmbio flutuante, dos quais é o guardião:

- Uma das conseqüências será o aumento substancial no número de investidores internacionais no Brasil.

Lula diz que fundo soberano será usado em meta fiscal

Mantega disse que o grau de investimento influenciará o fundo soberano:

- Países que tem grau de investimento têm mais condições de fazer um fundo soberano - afirmou ele.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que decidiu que o fundo soberano brasileiro será usado para aumentar a meta de superávit primário, fixada hoje em 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Pela proposta, se cria imediatamente uma poupança fiscal - o superávit já está em 4,23% do PIB - aproveitando a arrecadação em alta, a trajetória de queda dos encargos da dívida e as eleições, que limitam os gastos públicos no segundo semestre.

- Já tomamos a decisão, vamos fazê-lo. É extremamente importante que o Brasil crie o fundo soberano. É um sinal de que não brincaremos com a política fiscal. Não queremos retrocesso na economia brasileira e muito menos que a inflação volte porque nós já sabemos como é essa música, pois já vivemos muito tempo.