Título: Taxa de juros em queda
Autor: Simão, Edna
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Economia, p. 18

Mesmo com a aceleração da inflação em abril, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) continua com espaço para corte nas taxas de juros. Os analistas do mercado acreditam que o ritmo de redução da Selic, que atualmente é de 10,25% ao ano, deve desacelerar 0,5 ponto percentual para 9,75% ao ano. Mas essa mudança não está relacionada ao comportamento do IPCA em abril e, sim, à preocupação com a retomada da economia. A próxima reunião do Copom será em 9 e 10 de junho.

Segundo a economista-chefe do Banco ING, Zeina Latif, o cenário é de cumprimento da meta da inflação de 4,5%, com folga de dois pontos percentuais. Em12 meses, o IPCA acumula alta de 5,53%. ¿Pode se dizer que não é um quadro preocupante. O BC está fazendo cortes nos juros olhando para a atividade econômica¿, afirmou a economista. Ontem, o IBGE divulgou que a inflação foi de 0,48% em abril, mais que o dobro do que o verificado em março (0,20%). ¿Acredito em uma redução de 0,5 ponto percentual da Selic em junho por causa da atividade econômica. O peso da inflação na decisão será neutro¿, comentou a economista. Para não deixar o crescimento econômico despencar, a autoridade monetária tem feito sucessivas baixas na taxa Selic. A expectativa é de que a queda seja interrompida no segundo semestre para que sejam verificados o impacto da medida e os efeitos na inflação.

Na avaliação do economista-chefe da SLW Asset Management, Carlos Thadeu de Freitas, o Copom está confortável no que diz respeito ao comportamento do IPCA. Para o ano, ele projeta um IPCA de 3,9%. O economista da corretora Concórdia, Elson Teles, reforçou que o Copom tem espaço para redução. ¿Estou apostando em um corte de 0,5 ponto percentual. O BC vai desacelerar o ritmo da queda e, dependendo de como se comportar a economia, poderá alongar o ciclo de baixa dos juros.¿, explicou Teles. (ES)