Título: Lula não aceita palpites do exterior
Autor:
Fonte: O Globo, 31/05/2008, O País, p. 12

Presidente diz que Brasil dá ao mundo exemplo de preservação de floresta

BELÉM. Num discurso nacionalista, o presidente Lula reagiu ontem às críticas internacionais à política ambiental do governo brasileiro para a Floresta Amazônica, a maior do planeta. Ele criticou os países da Europa e América do Norte que, segundo ele, destruíram suas matas e agora querem ter ingerência sobre a floresta brasileira. Para Lula, o Brasil tem que ensinar ao mundo como se preserva a natureza.

- O Brasil dá um exemplo de preservação para o mundo, mais que todos os outros países, pois ainda temos 80% da Floresta Amazônica intocada - afirmou o presidente. - Não vamos admitir que quem mais desmatou venha dar palpite sobre o Brasil, acrescentou.

O presidente atacou as propostas estrangeiras de comprar parte da floresta e apoiou a proposta do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendida publicamente pela governadora Ana Júlia Carepa, do Pará, de se criar um fundo internacional, com recursos de governos e da iniciativa privada, para investir em projetos de preservação da floresta. O presidente ponderou que o Brasil deve ter cuidados com a preservação ambiental, até para não sofrer retaliações no futuro.

- Daqui a pouco o cidadão dá dez dólares e diz que é dono da Amazônia - afirmou.

Lula voltou a alertar os empresários do agronegócio para as pressões da opinião pública e as exigências do mercado externo em relação ao descaso com a preservação ambiental:

- Preservar o meio ambiente, nossa fauna e nossa floresta, cuidar da nossa água, será uma vantagem comparativa para o Brasil no mundo dos negócios agrícolas. É isso o que nós precisamos entender. Se a gente não tiver cuidado, daqui a pouco tem um movimento internacional para não comprar produtos do Brasil, e isso será muito prejudicial.

Professores da rede estadual do Pará fizeram uma manifestação em frente ao Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, onde o presidente Lula participava do encontro. Houve um princípio de confronto com policiais da Tropa de Choque da PM do Pará, e algumas grades de proteção chegaram a ser derrubadas. Os professores levavam faixas chamando a governadora de "Ana Judas" e acusando-a de mentir. Os manifestantes também gritavam palavras de ordem hostilizando o presidente Lula, mas ele estava do lado de dentro do prédio e nada ouviu.