Título: Controle maior nos voos
Autor: Vitória, Maria
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Mundo, p. 28

Passageiros vindos do México, Canadá e dos EUA são examinados ainda dentro do avião em todo o Brasil.

São Paulo ¿ Depois de confirmados seis casos de gripe suína no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou a fiscalização nos portos e aeroportos de todo o país e modificou o procedimento na chegada de voos internacionais que vêm de nações com casos confirmados da doença. No Aeroporto de Guarulhos (SP), os voos vindos ontem dos Estados Unidos, México e Canadá tiveram desembarques diferenciados.

Em Guarulhos, 120 agentes da Anvisa se revezam em turnos de oito horas para cobrir todos os voos. Desde ontem pela manhã, uma equipe médica examina pacientes ainda dentro das aeronaves. Quando a tripulação identifica algum passageiro com os sintomas, o comandante só tem autorização para fazer o desembarque depois de uma inspeção sanitária a bordo. O viajante com os sintomas do vírus H1N1 e todos os que tiveram contato com ele só podem deixar o avião depois de passar por uma avaliação clínica e epidemiológica.

Em dois casos, pacientes com suspeita de contaminação foram levados de ambulância do aeroporto para o hospital Emílio Ribas. A Anvisa também passou a monitorar a bagagem de todos os passageiros que vêm do exterior para conseguir localizá-los no futuro, caso algum apresente sintomas da nova gripe. O mesmo procedimento foi adotado no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde só ontem desembarcaram 1.620 brasileiros e estrangeiros vindos do México, Canadá e Estados Unidos.

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, garantiu que São Paulo está preparado para prevenir um surto e atender casos novos da doença. Dos 10 pacientes suspeitos, três estão internados, e os dois confirmados estão em casa curados, segundo o governo de São Paulo. ¿Novos casos vão surgir, mas posso garantir que estamos preparados para atendê-los¿, disse Barata.

A secretaria divulgou que médicos infectologistas acompanham seis pessoas que tiveram contato com os pacientes cujos casos estão confirmados. Outras 450 pessoas que viajaram com os pacientes que tiveram a doença confirmada são monitoradas por telefone, já que elas podem ter contraído o vírus no avião. ¿Até agora, nenhuma dessas pessoas teve sintomas¿, disse o médico infectologista César Cassiano, do Emílio Ribas.

Máscaras Na Rodoviária do Tietê, em São Paulo, numa feira de camelôs bem perto do Porto de Santos e em lojas do Aeroporto de Guarulhos estavam sendo vendidas máscaras de proteção. Algumas pessoas compravam, com receio de encontrar infectados e contrair o vírus. ¿Até hoje não entendo como se pega essa doença. Por isso, resolvi embarcar de máscara¿, disse a dona de casa Doralina Jurado, 44 anos, que embarcou ontem num ônibus em São Paulo, rumo a Belo Horizonte. Ela disse que havia um grupo de mexicanos no veículo.

O diretor do Emílio Ribas, Davi Uip explica que as máscaras não ajudam a proteger as pessoas. Segundo ele, o ideal seria que as pessoas contaminadas usassem. ¿A máscara virou um grande mito. Pode-se pegar o vírus da nova gripe com contato físico e principalmente com gotas de saliva que saem da boca pela tosse ou espirro. Lavar as mãos e evitar contato com quem vem das áreas de maior risco ainda são a melhor prevenção¿, ressalta.

Desde ontem, a Sociedade Brasileira de Infectologia distribui em todo o país uma cartilha com informações sobre a doença, indicando formas de transmissão e de prevenção. O documento será enviado aos cerca de 350 mil médicos do Brasil filiados à entidade.