Título: Conselho de Ética adia processo contra pedetista
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 29/05/2008, O Globo, p. 9

Novo presidente do órgão pede 15 dias para analisar caso de Paulinho e é criticado por corregedor da Câmara

Isabel Braga

BRASÍLIA. Eleito ontem, o novo presidente do Conselho de Ética da Câmara, Sérgio Moraes (PTB-RS), assumiu criticando a imprensa e avisando que precisará de até 15 dias para ler e instaurar a representação por quebra de decoro parlamentar, enviada anteontem pela Mesa Diretora, contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho. O corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), não gostou e disse que o novo presidente precisa ler as normas do Código de Ética da Casa, que determina, por exemplo, a instauração imediata do processo.

Enquanto o processo não for aberto no Conselho de Ética, o deputado Paulinho poderá renunciar ao mandato para escapar do risco de cassação e da perda dos direitos políticos (inelegibilidade) por oito anos.

- Acho um absurdo. Só pode ser inexperiência. Estou estarrecido. A instituição corre o risco de ser atropelada por novos fatos - disse Inocêncio.

O novo presidente não quis se manifestar sobre as suspeitas de envolvimento de Paulinho no esquema de intermediação de verbas do BNDES. Alegou que, primeiro, teria que conhecer o caso. Só então vai abrir o processo.

Moraes não acelerará processo em ano eleitoral

Moraes foi eleito em votação secreta com 12 votos a favor e um branco. Antes do resultado, deu o tom de sua atuação:

- Essa comissão não será pautada pela imprensa. Quem vai definir as regras são os membros do conselho. Não vamos escolher quem vamos processar, condenar ou absolver porque a imprensa já fez isso.

Ele afirmou que não pretende acelerar os trâmites:

- Não é que eu não tenha pressa. A Justiça leva oito, nove anos para julgar, e vocês não cobram dela.

A fala agradou aos conselheiros presentes na sessão de ontem, entre eles o deputado Paulo Piau (PMDB-MG):

- Quem está fora do Congresso e escuta a mídia acha que aqui há um bando de irresponsáveis. Não podemos condenar sem provas.

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