Título: Devassa nas contas de Zoghbi
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 13/05/2009, Política, p. 02

A Procuradoria da República no Distrito Federal vai fazer uma devassa na situação fiscal e financeira de João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos do Senado. Ontem, o Ministério Público requisitou informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda, e acionou a Receita Federal para levantar o patrimônio de Zoghbi. A Polícia Federal abrirá hoje, inquérito para apurar as denúncias feitas há duas semanas de suspeitas de fraudes em licitações.

A intenção do Ministério Público Federal é saber o patrimônio do ex-diretor do Senado, que possui residência no Lago Sul, mas requereu um apartamento funcional, onde moravam seus filhos, conforme revelou o Correio. A Procuradoria da República vai investigar se todos os bens em nome da família foram declarados ao fisco e se Zoghbi fez movimentações além do permitido pela legislação, ou se realizou transações para o exterior.

A Polícia Federal vai entrar em outra frente de investigação. Um dos primeiros passos depois de abrir o inquérito, será ouvir o ex-diretor do Senado para confirmar ou não as denúncias que colocaram as licitações da Casa sob suspeita. E não será a primeira vez que a PF faz esse tipo de apuração na instituição. Em 2006, foi realizada a Operação Mão de Obra, cujo objetivo principal era apurar fraudes em terceirização de funcionários. Na ocasião, a PF detectou que dois servidores faziam intermediações entre o poder e empresas que concorriam.

Setores da Polícia Federal acreditam que a investigação não será demorada, como ocorre em muitas apurações envolvendo servidores e instituições públicas. Além de usar partes do material colhido durante a Operação Mão de Obra, a PF deverá convocar tanto policiais quanto delegados que participaram da ação, há três anos. Um deles, Disney Rosseti, é hoje o superintendente da Polícia Federal em Brasília, onde o inquérito irá tramitar.

Em fevereiro, a participação da PF em investigações envolvendo o Senado já tinha sido oferecida ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), pelo diretor-geral da corporação, Luiz Fernando Corrêa. Sarney apenas agradeceu o gesto de cortesia, preferindo que a própria Polícia Legislativa conduzisse as apurações. Porém, na semana passada, o Ministério Público Federal anunciou que acionaria a PF, o que aconteceu na tarde de ontem.