Título: Procurador envia caso de Paulinho ao STF
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 29/05/2008, O País, p. 8

Antonio Fernando pede abertura de investigação para apurar envolvimento de deputado em fraudes no BNDES

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. Cinco dias depois de receber um relatório de duas mil páginas do Ministério Público de São Paulo, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical. O procurador fez a análise do material em tempo recorde e encaminhou imediatamente o pedido de licença para investigar o deputado, para se antecipar a uma possível renúncia de Paulinho. O deputado é acusado pela Operação Santa Teresa, da Polícia Federal, de receber propina para intermediar a liberação de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a prefeituras e empresas.

Suspeitas sobre empréstimo para prefeitura em SP

As principais suspeitas recaem sobre um financiamento de R$124 milhões liberados pelo BNDES para a prefeitura de Praia Grande, em São Paulo. Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público, o nome de Paulinho aparece em conversas de integrantes da organização investigada pela Operação Santa Teresa. As citações surgem sobretudo nos diálogos em que o grupo acerta a partilha da comissão cobrada em troca da liberação dos financiamentos do BNDES com juros subsidiados.

O pedido de abertura de inquérito indica que o procurador considerou consistentes os indícios obtidos pela PF e pelo Ministério Público contra Paulinho. Caberá ao STF decidir se o MPF poderá ou não aprofundar as investigações sobre o suposto envolvimento do deputado com o esquema. Antonio Fernando recebeu o relatório do Ministério Público de São Paulo na sexta-feira. Ontem à tarde, encaminhou o pedido de licença ao STF para investigar o caso.

O STF pode ou não autorizar as investigações. Se o deputado renunciar, o inquérito será, então, mandado para a Justiça Federal, em São Paulo. Paulinho tem dito que não renunciará.

www.oglobo.com.br/pais