Título: Alta do petróleo provoca protestos no mundo
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Fonte: O Globo, 29/05/2008, Economia, p. 25

Caminhoneiros e pescadores lideram manifestações em França e Espanha. Preço do barril sobe para US$131

PARIS, LONDRES e NOVA YORK. A onda de protestos contra o aumento do preço do petróleo, que atingiu alguns países no início da semana, como a Inglaterra, ganhou força ontem na Europa e na Ásia. Na França, pescadores, agricultores e caminhoneiros foram às ruas pedir corte de impostos sobre os combustíveis e redução do preço do diesel. Na Espanha, os caminhoneiros se anteciparam a seu colegas britânicos e anunciaram uma greve para junho. Manifestações também foram registradas em Portugal, Itália, Bulgária, Holanda, Paquistão e Indonésia. Ontem o barril do petróleo leve americano voltou a subir, fechando em US$131,03, alta de 1,69%. Semana passada, bateu a marca histórica de US$133,17.

A França foi um dos países mais afetados pelos protestos ontem. Agricultores fecharam ruas de Lille, no Norte do país, por exemplo, e bloquearam o acesso a um depósito de combustíveis em Frontignan, no Sul. Um produtor rural e um policial ficaram feridos, quando a polícia buscava conter o protesto nas proximidades do depósito com bombas de gás lacrimogêneo.

Outros cem agricultores bloquearam o acesso ao depósito da petrolífera Total, próximo a Toulouse, no Leste. Do outro lado do país, pescadores despejaram três toneladas de peixe na calçada. Eles pressionam por uma redução no preço do diesel, que aumentou 30% em 2008. Na véspera, até motoristas de ambulância se uniram aos manifestantes.

UE manterá impostos sobre combustíveis

Na Espanha, pescadores paralisaram atividades nos portos de Barcelona, Port de la Selva e Vilanova, no nordeste do país. A partir de 8 de junho, os caminhoneiros entrarão em greve por tempo indeterminado. Na Itália e em Portugal, greves também são esperadas para amanhã, lideradas por pescadores.

O movimento dos caminhoneiros foi forte em Londres, no País de Gales e em Sófia (capital da Bulgária). Na Indonésia, universitários voltaram às ruas para protestar contra o corte de subsídios aos combustíveis anunciado semana passada, que vai elevar em 30% o preço dos derivados.

Os ministros de Finanças dos países da zona do euro não estão dispostos a mexer nos tributos sobre os combustíveis, seguindo a posição da Comissão Européia. Na terça-feira, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, propôs à comissão cortar impostos. Eles vão se reunir semana que vem para debater a economia da região.

- A questão dos impostos sempre aparece, mas temos dúvidas quanto à melhor forma de reagir - disse à Reuters a porta-voz da Comissão Européia para Assuntos Tributários, Maria Assimakopoulou.

Na avaliação do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, a explosão dos preços do petróleo deve ser contida com uma ação global. Para o vice-diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), William Ramsay, os biocombustíveis são uma saída:

- Se não tivéssemos os biocombustíveis, não teríamos os combustíveis necessários para responder à demanda.

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