Título: Ministro da Justiça oferece ajuda
Autor: Berta, Ruben
Fonte: O Globo, 02/06/2008, Rio, p. 8
Entidades civis cobram das autoridades uma apuração rigorosa
Em resposta à tortura de uma equipe de reportagem do jornal "O Dia" na Favela do Batan, em Realengo, o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, ofereceu ajuda à Polícia Civil nas investigações.
- O governo federal vai colaborar no que for preciso. Foi um ataque à liberdade de imprensa no país.
O Sindicato dos Jornalistas e a Federação Nacional dos Jornalistas, por meio de nota, convocam a população para o Ato de Repúdio ao Estado Paralelo, hoje, às 16h, na escadaria da Câmara dos Vereadores. O local foi escolhido porque representa, segundo a nota, uma instituição estratégica nos planos políticos da milícia. Ainda na nota, as entidades exigem uma investigação exemplar, "que crie condições para a prisão dos culpados, antes que pratiquem mais atentados à civilidade". É inaceitável que o governo do estado não consiga impedir a ação criminosa de seus próprios agentes, integrantes de máfias milicianas que disputam com o tráfico de drogas o domínio das comunidades carentes".
A Associação Nacional de Jornais, em nota, pediu às autoridades que identifiquem com rapidez os membros da milícia, pois "o caso expõe o preocupante estado da segurança pública no Rio" e que "a sociedade brasileira assiste, perplexa e angustiada, a degradação da segurança pública".
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), criada após o jornalista Tim Lopes ser morto por traficantes, pediu, por nota, que as autoridades apurem com rigor o crime. A diretoria considera inaceitável existirem áreas dominadas por traficantes ou milicianos: "Além da barbárie a que submetem os moradores, o que já seria inaceitável, esse tipo de banditismo organizado põe em risco o Estado Democrático de Direito, em desafio aberto ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário, que deveriam regular a vida da sociedade".
Para o prefeito Cesar Maia, a única forma de combater traficantes e milicianos é ocupar as comunidades "progressivamente". Segundo ele, os cercos policiais ao Alemão e à Vila Cruzeiro "mostraram que de nada adiantou, pois não houve ocupação".
- As milícias, ao expulsarem os traficantes, mostram que é possível. Mas seus desdobramentos em várias áreas é o que vimos.
O governador Sérgio Cabral emitiu nota anteontem sobre o caso. Ele afirma ter determinado investigações rigorosas. O titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, Cláudio Ferraz, diz que os fatos estão sendo apurados, mas até agora ainda não há novidades nas investigações.