Título: ONU: Lula criticará subsídios agrícolas
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 03/06/2008, O Globo, p. 23

Roma reúne hoje chefes de Estado para discutir a crise de alimentos

Chico de Gois e Deborah Berlinck*

BRASÍLIA e ROMA. O presidente Lula disse ontem, em seu programa "Café com o presidente", que vai defender o fim dos subsídios agrícolas dos países ricos na reunião da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre segurança alimentar, mudanças climáticas e bioenergia que ocorre a partir de hoje, em Roma. Ontem, já na capital italiana, Lula se encontrou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que defendeu que se evite a politização excessiva do debate sobre a crise alimentar no mundo, para permitir a adoção de medidas necessárias para solucionar o problema.

Sob forte esquema de segurança, mais de 50 chefes de Estado discutirão uma solução para a disparada de preços dos alimentos, que vem causando revoltas em vários países e levando milhões de pessoas à fome. Ativistas de direitos humanos disseram ontem em Roma que a alta dos alimentos provocará uma catástrofe mundial.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que a preocupação do secretário-geral da ONU se refere àqueles que ficam dizendo que o biocombustível é o problema.

- Uma das atitudes seria concluir o acordo da OMC - disse Lula no programa "Café com o Presidente". - Que os países ricos abram mão dos subsídios agrícolas que dão a seus agricultores. Lula anunciou ontem a Ban Ki-moon que o Brasil vai dar uma ajuda ao Haiti de US$1,4 milhão para compra de comida e uma série de projetos.

Já os EUA defenderam o seu programa de etanol, afirmando que os biocombustíveis têm impacto de apenas 3% sobre a alta dos preços de alimentos. O diretor da FAO, Jacques Diouf criticou os países emergentes, afirmando que gastaram mais comprando armas que alimentos.

(*) Enviada especial, com agências internacionais