Título: Paulo Bernardo: inflação assusta o governo
Autor: Schreiber, Mariana
Fonte: O Globo, 04/06/2008, Economia, p. 21

Para ministro, restringir crédito não é solução para conter alta dos preços

SÃO PAULO. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu ontem que os sinais de alta da inflação "assustam" o governo e que é preciso agir com "prudência". Mas o ministro, que participou de evento em São Paulo, não vê risco de o país descumprir a meta deste ano (4,5%, com intervalo de dois pontos percentuais para cima ou para baixo). Nos 12 meses encerrados em abril, o IPCA já acumula alta de 5,04%.

- A inflação assusta agora, mas precisamos ter prudência para evitar que ressurja para valer - disse ele.

Segundo o ministro, a restrição ao crédito não seria a melhor opção para tentar conter a inflação:

- Medidas de restrição ao crédito teriam de ser muito bem discutidas: por que faríamos isso e que efeitos teriam. Em princípio, não é a melhor opção do governo.

Sobre a decisão do governo de elevar em 0,5 ponto percentual a meta de superávit primário para este ano (de 3,8% para 4,3% do PIB), Bernardo afirmou que se trata de uma medida complementar à ação do Banco Central (BC).

- Não cogitamos deixar nada extra-oficial: o que foi anunciado, evidentemente, tem de ser transformado em uma meta oficial - completou o ministro.

Segundo ele, o governo discute como faria isso, já que os 3,8% constam da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - e, neste momento, o debate é sobre a LDO para 2009:

- Vamos discutir, dentro do governo, se vai ser pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), como é que (a meta de 4,3%) vai ser oficializada.

Bernardo não comentou a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevar hoje a taxa básica de juros. Segundo ele, o BC "vai decidir com sabedoria". (Aguinaldo Novo)