Título: Marina: Vou fazer a aeróbica do bem
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 04/06/2008, O País, p. 3

Ex-ministra assume mandato de senadora e diz que usará experiência no Executivo

BRASÍLIA. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC) reassumiu ontem seu mandato de senadora, conquistado na eleição de 2002 mas que só agora vai exercer. Marina disse que vai fazer no Senado a "aeróbica do bem". Ao lembrar que não fez oposição nem no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), no seu primeiro mandato, Marina evitou se comprometer com políticas de governo, dizendo que vai fazer a "política de interesse do país". Para a senadora, a experiência no Executivo nos cinco anos e quatro meses que comandou o setor ambiental do governo Lula requalifica a sua atuação parlamentar.

- Da mesma forma que fui para o Executivo levando a experiência do Legislativo, a minha experiência no Executivo me requalifica na minha relação com a Casa. Vou fazer a aeróbica do bem. E a melhor forma para isso é fazer a política do país - disse Marina.

Evitando qualquer sinal de ressentimento com sua saída do governo, Marina foi cumprimentada por todos os senadores presentes ao plenário quando chegou. Ela fará hoje o seu discurso de retorno ao Senado, quando deverá pontuar suas opiniões sobre polêmicas recentes da área de meio ambiente.

Em entrevista, Marina reafirmou ontem que o aumento do desmatamento da Amazônia, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), só confirmou que as ações adotadas pelo governo para conter a devastação da região estavam corretas. Ela voltou a criticar a atitude do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), de questionar as ações do governo para combater o desmatamento.

- Os dados do Inpe só reafirmam o quanto as medidas estão acertadas. Desde que foi identificado o aumento da desmatamento, o governo tomou medidas fortes.

Mas, apesar de evitar críticas públicas ao governo, para amigos e políticos do Acre Marina, nos dias que sucederam sua saída do Ministério de Meio Ambiente, fez desabafos sobre a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio que motivou seu pedido de demissão. Nessas conversas, Marina relatou como se sentiu quando soube que perderia a coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS) para o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos): era como se tivesse "gestado um filho durante nove meses e, quando nasceu, o pai arrancou a criança dos braços".

Ontem, também tomou posse no Senado o amazonense Jefferson Praia Bezerra, suplente de Jefferson Péres (PDT), morto no dia 23 de maio. Praia é pedetista como o antecessor, a quem chamou de "mestre, líder e amigo".