Título: Nem tudo o que reluz é ouro
Autor:
Fonte: O Globo, 04/06/2008, O País, p. 4

Cidade baiana vira canteiro de escavação de manganês, vendido a R$0,70 o quilo

SALVADOR. A antiga Rua do Campo, próxima à antiga estação ferroviária do distrito de Simões Filho, a 15 quilômetros de Salvador, virou um imenso canteiro de escavações. São mais de 500 pessoas escavando o solo com pás, picaretas, facões, colheres de pedreiro e enxadas em busca de manganês, mineral utilizado como liga com o ferro para a fabricação do aço.

Mulheres, crianças e velhos se revezam na tarefa, que atraiu pessoas até de outros municípios. Não se sabe ainda a extensão da possível jazida, mas, além da Rua do Campo, totalmente esburacada, foram encontradas amostras do mineral nas ruas da Mandioca e do Jenipapeiro. Técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) constataram a existência do mineral em grande quantidade a menos de um metro de profundidade, mas disseram que somente após as análises das amostras será possível determinar a extensão da jazida e seu valor comercial. Para os geólogos do DNPM Paulo Marques da Mata e Osmar Silva, o mineral encontrado pode ter sido refugo de alguma mineradora ou siderúrgica, mas não se descarta a existência de uma jazida. Não há riscos para a população no manuseio do mineral, mas a atividade extrativista mineral só pode ser feita com autorização do Ministério de Minas e Energia.

Quem acha pedras de manganês está vendendo por R$0,70 o quilo a comerciantes que chegam de várias partes. Estes revendem o produto para sucateiros, que revendem para siderúrgicas. Tudo é feito na informalidade, com os garimpeiros, em meio aos buracos, pesando a produção e recebendo, na hora, o pagamento. Um dos comerciantes, José Augusto Barbosa, veio de Canudos, a 440 quilômetros de Salvador, para comprar o produto. Há 16 anos como intermediário na compra de minério extraído em minas da Bahia, ele avalia:

- É manganês e dos bons.