Título: Denúncias contra Paulinho são graves, diz relator
Autor: Suwwan, Leila; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 04/06/2008, O País, p. 5

Conselho de Ética abre processo contra pedetista por quebra de decoro; caso deve ser concluído em até 90 dias

BRASÍLIA. O Conselho de Ética da Câmara abriu ontem processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, suspeito de envolvimento com uma quadrilha que cobrava propina para intermediar empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O relator do caso, Paulo Piau (PMDB-MG), afirmou que as denúncias são graves e disse que pretende concluir seu trabalho antes do prazo de 90 dias, porque a "sociedade pede pressa". Dos 15 titulares do Conselho, nove foram ouvidos ontem pelo GLOBO. A maioria concordou com a gravidade da denúncia, avaliando que há urgência em concluir o processo.

O relator planeja colher depoimentos de Paulinho e da mulher dele, Elza de Fátima Costa Pereira - ambos fundadores da ONG Meu Guri, que recebeu recursos do banco. As duas representações contra Paulinho, do PSOL e da Mesa da Câmara, foram juntadas e distribuídas aos integrantes do Conselho.

Voz destoante, o presidente do conselho, Sérgio Moraes (PTB-RS), insistiu em que o relator ignore a pressão da opinião pública e da mídia, o calendário eleitoral e até o prazo regimental, para que não seja "pautado pelo tribunal de sangue".

- Vamos concluir o mais rápido possível. A sociedade pede pressa, não queremos prorrogar. As denúncias são graves e precisam ser apuradas. Vamos verificar documentos, fatos e provas, sem facilitar nem dificultar a vida de ninguém. - disse Piau.

O relator foi escolhido em reunião fechada, antes da sessão pública do conselho. Até ser oficialmente designado, Piau saiu duas vezes da sala para consultar seu líder partidário, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Numa das tentativas, pediu urgência porque estava sendo "pressionado para aceitar" a relatoria.

Eduardo Alves também é citado na Operação Santa Teresa da Polícia Federal, que encontrou indícios de atividade do lobista João Pedro de Moura, amigo de Paulinho, em seu gabinete. Ele nega conhecer Moura ou suas atividades na Câmara.