Título: CPI: relator ignora dossiê e livra ministros
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 04/06/2008, O País, p. 5

Texto do petista Luiz Sérgio dá mais ênfase a gastos do governo tucano

BRASÍLIA. O relator da CPI do Cartão Corporativo, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), cumpriu à risca a estratégia da base aliada e ignorou em seu relatório o dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também não propôs o indiciamento de ninguém e minimizou as irregularidades cometidas por ministros do atual governo no uso de cartões corporativos, classificadas por ele como simples "erros ou enganos".

Luiz Sérgio dedicou 666 das 936 páginas do relatório para detalhar "erros e delitos muito mais graves" de cinco ex-ministros do governo passado e reservou um capítulo com 56 exemplos de denúncias feitas pela imprensa e consideradas por ele improcedentes.

Oposição pedirá o indiciamento de Dilma

A oposição apresentará amanhã um voto separado, em que deverá pedir o indiciamento da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de todos os envolvidos com o dossiê.

- Acredito que a oposição deva pedir o indiciamento da ministra. Como ela disse nesta Casa que não existia o dossiê, faltou com a verdade e não temos outro caminho se não propor o seu indiciamento - disse a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).

Luiz Sérgio diz no texto que o ministro do Esporte, Orlando Silva, foi tratado com "excessivo rigor" por oposição e imprensa por ter cometido "um erro" ao pagar com o cartão uma tapioca de R$8,30. Ele se ateve mais ao caso da ex-ministra Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial, flagrada pagando uma despesa de R$416 num free shop.

Mas o relator não economiza detalhes ao citar irregularidades nos gastos de cinco ex-ministros do governo tucano: Paulo Renato de Souza (Educação), Pimenta da Veiga (Comunicações), Martus Tavares (Planejamento), Francisco Weffort (Cultura) e Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário). Citou as notas fiscais em série para o pagamento de serviços de transportes, gastos não justificados em viagens em fins de semana e o valor de notas de refeições, como a de R$686 paga por Martus num dos restaurantes mais caros de São Paulo, o Massimo.