Título: Provas contra Álvaro Lins são contundentes
Autor: Vasconcellos, Fábio
Fonte: O Globo, 04/06/2008, Rio, p. 13

O CRIME NO PODER: Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB) analisou inquérito da Polícia Federal que apura o caso

Corregedor diz que caso é "estarrecedor". Lins presta depoimento hoje no processo que apura a quebra de decoro

Após analisar o inquérito da Polícia Federal que resultou na Operação Segurança Pública S/A, o corregedor da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), afirmou ontem que o caso é estarrecedor. Segundo o parlamentar, há provas contundentes contra o deputado Álvaro Lins (PMDB), acusado pela PF de chefiar uma quadrilha que dava proteção à máfia dos caça-níqueis e de montar um esquema de arrecadação de dinheiro em delegacias. Hoje, Luiz Paulo e o subcorregedor da Casa, deputado Comte Bittencourt (PPS), tomam o depoimento de Lins, a partir das 10h30m, no processo que apura a quebra de decoro parlamentar do deputado. Na avaliação do corregedor, a situação de Lins é complicada.

- O caso é estarrecedor. Existem vários indícios e provas contra Álvaro Lins são contundentes. O relatório da PF está muito bem feito. As evidências caminham para a confirmação de quebra de decoro parlamentar, a não ser que Álvaro Lins apresente fatos novos que o inocentem. Mas acho muito difícil - afirmou Luiz Paulo.

Deputada: mesmo esquema na Delegacia Fazendária

A Corregedoria já fez o cruzamento de nomes de funcionários nomeados por Lins. Já se sabe que outros acusados pela PF, além da ex-mulher do deputado e do seu ex-chefe de gabinete, também foram nomeados pelo parlamentar para trabalhar na Alerj. A tese da Corregedoria é de que Lins quebrou o decoro ao levar para a Casa pessoas que são agora acusadas de crimes que teriam sido praticados juntamente com o parlamentar.

A deputada Cidinha Campos (PDT) ocupou a tribunal para fazer novas acusações. Segundo ela, o esquema montado pelo deputado quando ele era chefe de Polícia Civil existiu também na Delegacia Fazendária. Ela afirmou que supermercados pagaram policiais para não serem incomodados. Cidinha acrescentou que vai apresentar documentos à Corregedoria comprovando as denúncias:

- Espero que a Corregedoria tome providências pois a população cobra nas ruas uma posição da Casa em relação ao mandato do deputado Álvaro Lins.

Clima pesado na Alerj, após libertação de Lins

No primeiro dia de sessão após a aprovação do decreto legislativo que libertou Lins, o clima estava pesado na Alerj. Parlamentares avaliavam o estrago na imagem da Casa com o envolvimento de Lins nos crimes investigados pela PF e também a decisão da Casa de mandar soltar o deputado. Alguns parlamentares estão preocupados com o custo político da decisão, principalmente em ano eleitoral; outros acreditam que se criou uma confusão sobre os reais motivos que levaram cada parlamentar a decidir votar a favor do decreto legislativo.

- O debate sobre a decisão da Assembléia, na sexta-feira, está equivocado. Pode ser criticado do ponto de vista político, mas do ponto de vista jurídico há farta argumentação que, no mínimo, pode elevar o nível desse debate, pois nem todos aqui são iguais - defendeu o deputado Pedro Paulo (PSDB).