Título: Dinheiro vivo
Autor: Amora, Dimmi ; Vasconcellos, Fábio
Fonte: O Globo, 05/06/2008, O Globo, p. 16

Quantia para comprar imóvel estava em mala

Os depoimentos prestados após a prisão em flagrante de dois dos acusados na Operação Segurança Pública S/A revelam que era um hábito deles guardar enormes quantias de dinheiro em casa. Luciana Gouveia dos Santos, ex-mulher do deputado Álvaro Lins, que não tinha rendimentos até 2005, afirmou que usou R$300 mil que estavam guardados numa mala sobre um armário para comprar um apartamento em Copacabana em 2006. O vereador Francis Bullos, pai da atual esposa de Álvaro, Sissy Bullos, afirmou que pagou R$590 mil, também em espécie, pelo apartamento em que a filha morava com o deputado em Copacabana.

Os policiais tomaram o depoimento de Luciana logo depois que ela foi presa em flagrante no apartamento da Rua Paula Freitas, em Copacabana. A ex-mulher de Lins, que já foi solta, afirmou que o imóvel foi comprado com os R$300 mil que estavam na mala e outros R$150 mil emprestados pelo pai dela, que seria comerciante. O dinheiro dela seria da venda de uma casa na Rua Nova Ponte, em Bangu.

Esse imóvel é o primeiro bem declarado por Lins. Comprado em 1999 por R$30 mil, ele aparece como seu único bem na declaração de rendimentos apresentada à Justiça Eleitoral em 2002. Com essa casa, segundo investigadores, foi feita uma transação triangular para justificar a compra de outros bens que seriam de Álvaro.

Segundo a Polícia, o imóvel de Bangu foi alienado por Sissy para José Simões dos Santos em fevereiro de 2006. Simões, que é pai de Luciana, passou o bem para a filha, que teria obtido R$300 mil com a transação. Esses, segundo ela, seriam os recursos para a compra do imóvel na Rua Paula Freitas.

Já Francis, em depoimento, contou que pôs o apartamento da Rua Cinco de Julho em nome da mãe, para evitar que sua ex-mulher pedisse aumento de pensão. Ele disse não se recordar da compra de um carro que estava no nome dele e era usado pela filha. Depois, acabou lembrando e disse que a nota fiscal do veículo estava com o endereço de um assessor de Lins porque o carro foi comprado na cidade do Rio.