Título: Remessas fazem fluxo cambial do país despencar
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 05/06/2008, O Globo, p. 26

Saldo recua em maio de US$6,7 bi para US$148 milhões

Patrícia Duarte

BRASÍLIA. As fortes remessas de lucros e dividendos pelas multinacionais impactaram em maio o fluxo cambial - entrada e saída de moeda estrangeira -, que ficou positivo em apenas US$148 milhões, informou ontem o Banco Central (BC). O resultado, também influenciado pela cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas aplicações estrangeiras em renda fixa, é ínfimo frente aos US$6,723 bilhões de abril.

No ano, o saldo cambial está em US$15,811 bilhões, cerca de US$20 bilhões a menos que em igual período de 2007.

- As remessas de lucros e dividendos foram enormes no mês passado. Com o dólar barato, as empresas aproveitaram para mandar resultados às matrizes - explicou o gerente de Câmbio da corretora Souza Barros, Vanderlei Arruda.

Ainda segundo o BC, a conta financeira - que agrega o capital alocado nos mercados acionários, os investimentos estrangeiros diretos e as remessas de lucros e dividendos - teve saldo negativo de US$2,774 bilhões, contra déficit de US$1,704 bilhão em abril. As compras somaram US$33,894 bilhões, e as vendas, US$36,668 bilhões.

Já a cobrança de IOF está assustando os investidores, e nem mesmo a concessão do grau de investimento ao país, em abril, animou o mercado.

- A gente só vai sentir o investment grade (no mercado nacional) lá para agosto - disse o economista-chefe da corretora Liquidez, Marcelo Voss.

Pelo lado comercial, o fluxo cambial ficou positivo em US$2,922 bilhões em maio, com exportações de US$14,674 bilhões e importações de US$11,752 bilhões. Mas 65% abaixo de abril (US$8,427 bilhões).