Título: Berzoini: PMDB queria motivo para ir embora
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 07/06/2008, O País, p. 8

Presidente do PT condena excesso de condicionantes impostas por ex-aliados, que teriam usado "tática Tim Maia"

BRASÍLIA. O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), criticou ontem a decisão do PMDB do Rio de romper o acordo entre os dois partidos em torno de Alessandro Molon, candidato petista à prefeitura do Rio. Berzoini disse ter sido surpreendido e classificou como frágeis os motivos apresentados pelo PMDB para o rompimento do acordo. Acusou ainda o PMDB do Rio de apresentar uma quantidade enorme de condicionantes como manobra para inviabilizar o acordo com o PT.

- Acho que é um retrocesso a posição do PMDB no Rio. Afinal, não se tratava de apenas uma aliança eleitoral, mas política também. Me parece que não é o PT que não está conseguindo se relacionar com seus aliados, mas o PMDB, que apresentou uma série de condições para apoiar nosso candidato, como uma chapa proporcional e apoio em diversos municípios do interior, e a maioria delas foi atendida. A quantidade de condicionantes mostra que usaram a tática Tim Maia: me dê motivos para ir embora - disse Berzoini, concluindo que o PT se sente desrespeitado no processo.

O presidente do PT negou que o diretório do Rio tenha descumprido acordos de apoio a candidatos do PMDB no interior. Segundo ele, só não foi possível fechar o apoio em Queimados: - O PT do Rio resolveu a imensa maioria dos entendimentos. Se não há 100% de entendimento, se não foi possível o acordo em uma ou duas cidades, não é razão para romper o outro acordo.

Berzoini disse que delegou ao PT do Rio a missão de conversar com o governador Sérgio Cabral, que só voltará ao Rio na próxima semana. Indagado se a decisão do PMDB poderia resultar na saída dos petistas do governo estadual, afirmou:

- Não quero adiantar nada. Nada como uma boa conversa para se ter clareza da opinião do governador.

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), evitou bater no PT, dizendo que é normal algumas alianças não darem certo. E lembrou o caso de Salvador, quando seu partido queria o apoio do PT à reeleição do prefeito João Henrique e os petistas decidiram por candidatura própria.

- Em estado que tem governador, as instâncias estaduais são sempre muito fortes. O que determina as alianças são as realidades locais. Veja o caso da Bahia: o Geddel é ministro do governo Lula, queria o apoio a João Henrique, mas o PT não pôde apoiá-lo. Nós compreendemos - disse Temer.

Nos bastidores, porém, os peemedebistas criticam a dificuldade do PT de apoiar candidaturas de outros partidos. Nas eleições deste ano nas capitais, só em Goiânia o PT concordou em apoiar a reeleição de Íris Rezende (PMDB). E, mesmo assim, por uma margem mínima no diretório municipal (116 votos a favor e 115 contra). O PT deverá ter o apoio peemedebista em Natal, Fortaleza, Vitória e Tocantins.