Título: Detran afasta 14 delegados em SP
Autor:
Fonte: O Globo, 07/06/2008, O País, p. 10

Todos são suspeitos de fraudar carteiras de habilitação para motoristas

SÃO PAULO. O Detran afastou ontem 14 delegados de Ciretrans de cidades da Grande São Paulo e do litoral suspeitos de ligação com a máfia das carteiras falsas. O anúncio da medida ocorreu três dias após o Ministério Público iniciar a Operação Carta Branca, que já resultou na prisão de vinte pessoas envolvidas em um esquema de fraudes na emissão de habilitações em Ferraz de Vasconcelos. Os delegados afastados eram diretores dos Ciretrans e responsáveis pelas carteiras tiradas em cidades onde foi constatado um grande número de motoristas com CPFs de outros estados.

¿ Pedi um levantamento e encontramos muitos mineirinhos. São pessoas que tiraram a habilitação em São Paulo, mas têm o CPF de outros estados ¿ disse o diretor do Detran, Ruy Estanislau Mello.

Segundo o diretor do Detran, há suspeita de irregularidades no trabalho dos delegados. O problema foi constatado em outras 13 cidades, e os Ciretrans desses locais serão investigados. A operação foi deflagrada na terça-feira por uma força-tarefa liderada pelo Ministério Público. Dezenove pessoas foram presas, entre elas o delegado titular de Ferraz de Vasconcelos, Juarez Pereira Campos e o investigador-chefe da Ciretran, Aparecido da Silva Santos.

Ontem, Fernando José Gomes, ex-delegado da Ciretran, também foi preso. Ele estava na delegacia de Ferraz de Vasconcelos, onde trabalhava como plantonista. Segundo o Ministério Público, Gomes foi conivente com o esquema das carteiras falsas e recebia propina da máfia das CNHs.

¿ Sem ele, isso (venda de habilitações falsas) não teria ocorrido ¿ afirmou o promotor Marcelo Oliveira, do Grupo de Atuação Especial Regional para a Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) de Guarulhos.

Até agora, o MP apreendeu 1.300 habilitações falsas. A quadrilha usava dedos de silicone para falsificar a digital dos candidatos. Cerca de 54 moldes foram usados nesse lote. Cada carteira custava até R$1.800. Para tirar a carteira, não era preciso nem sair de casa. O candidato entrava em contato com um despachante ou auto-escola parte do esquema e acertava o negócio. Os dados do candidato eram enviados ao intermediário. Alguns deles chegaram a mandar sua digital impressa em massa de modelar pelo correio.