Título: Hillary mostra sua força
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Fonte: O Globo, 07/06/2008, O Mundo, p. 38
Pesquisas apontam que eleitores democratas apóiam senadora como vice de Obama
WASHINGTON
Acorrida eleitoral pela candidatura democrata à Casa Branca pode ter acabado, mas uma surda disputa política divide o partido que luta para voltar ao poder depois de oito anos. Decidida a candidatura de Barack Obama, a batalha agora é pela vaga de vice. E o nome da recém-derrotada Hillary Clinton sequer deixou de ocupar as manchetes políticas da imprensa americana: pesquisas divulgadas ontem afirmam que não apenas a maioria dos eleitores democratas quer uma chapa Obama-Hillary, como insinuam que a união dos ex-adversários reforçaria a candidatura contra o Partido Republicano.
A luta pela unificação do partido antes da disputa com o republicano John McCain chegou a ganhar contornos de missão secreta na quinta-feira. Obama e Hillary venceram o cerco dos jornalistas e realizaram uma reunião, a sós, em Washington, na casa da senadora Dianne Feinstein. Segundo a anfitriã, os dois senadores chegaram às 21h:
- Coloquei duas poltronas confortáveis, uma de frente para a outra, na sala de estar. Deixei água, saí e fechei a porta. Eles ficaram sozinhos o tempo todo. Quando terminaram, me chamaram. Estavam rindo.
Cada um chegou com um assessor, e estes ficaram num escritório. O cuidado com o sigilo foi tão grande que, num fato raro na política americana, nada do que foi conversado vazou para a imprensa. O que se sabe é que hoje Hillary fará um discurso no qual apoiará a candidatura de Obama.
Ontem, uma pesquisa da CNN indicou que 54% dos democratas e dos independentes que costumam votar nos democratas querem que Hillary seja a vice de Obama, contra 43% que preferem outra pessoa. Outra pesquisa com eleitores em geral, do Gallup, mostra que Obama e McCain estão empatados com 45% . No caso de uma chapa Obama-Hillary contra o republicano, os democratas teriam vantagem de 50% a 45%.
Edwards descarta ser candidato a vice
Assessores de Obama avisaram que o candidato não tomará uma decisão nos próximos dias.
- É importante que isso seja feito de modo cuidadoso e metódico. Não seremos apressados para tomar logo uma decisão, qualquer que seja ela - disse o diretor de comunicação da campanha de Obama, Robert Gibbs.
No partido, apontam-se várias pessoas que poderiam ser vice. Entre eles estão o governador de Ohio, Ted Strickland; o senador da Virgínia Jim Webb, a governadora do Kansas, Kathleen Sebelius. Eles seriam importantes para Obama vencer em seus estados, que costumam votar em republicanos. O ex-candidato John Edwards disse para jornais das Espanha - país que está visitando - que não concorrerá de novo ao cargo (ele foi o vice na chapa de John Kerry, em 2004).
No lado republicano, a batalha pelo posto de vice também ganha força. A escolha é importante para vencer resistências a McCain entre setores conservadores do partido. Entre os favoritos estão os governadores de Minnesota, Tim Pawlenty, e da Flórida, Charlie Crist, o ex-candidato Mitt Romney, e o senador de Dakota do Sul John Thune. Outra aposta poderia ser o ex-democrata Joe Lieberman, vice de Al Gore em 2000. Ontem ele lançou a campanha "Cidadãos por McCain", que busca atrair votos de Hillary.
McCain, por sua vez, fez um discurso sobre América Latina, dizendo que a região será prioridade. Ele ofereceu apoio à luta do governo mexicano contra as drogas. Sobre o venezuelano Hugo Chávez, disse que deve "parar de insultar o presidente dos EUA":
- Não é o comportamento que esperamos.