Título: Pré-candidatos reagem com cautela à quebra de aliança entre PT e PMDB
Autor: Tabak, Flávio; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 06/06/2008, O País, p. 4

Gabeira diz que "raposas" de partido usam correligionários como marionetes

O rompimento do acordo entre PT e PMDB repercutiu entre os outros pré-candidatos a prefeito do Rio. Eles manifestaram opiniões diversas e também cautelosas, pois poderão, num provável segundo turno, herdar votos do PMDB.

O senador Marcelo Crivella (PRB-PTB-PR) preferiu não comentar o rompimento, mas disse que a democracia pode sair fortalecida:

- Eu não devo comentar decisão de outros partidos, mas, em tese, acredito que, quanto mais candidatos, melhor para a democracia.

A deputada federal Solange Amaral (DEM), que ainda pode ser apoiada pelo PMDB - o partido vota se terá candidato próprio ou não na próxima segunda-feira - mostrou desconfiança:

- Essa decisão vale até quando? Até que reunião? Não dá para saber. O discurso da harmonia era só para constar.

Já o pré-candidato Fernando Gabeira (PV-PPS-PSDB) elogiou tanto Eduardo Paes quanto Alessandro Molon, mas ressaltou o desgaste nas idas e vindas do PMDB. Segundo Gabeira, os caciques usam os pré-candidatos como "marionetes":

- São excelentes pessoas (Paes e Molon), mas lançar e depois não lançar é muito desgastante. Fico preocupado com o uso que as raposas do PMDB fazem. São (os candidatos) tratados como se fossem marionetes. Ainda não tenho elementos para avaliar que tipo de repercussão essa mudança trará na campanha.

Para Chico Alencar (PSOL), os acordos não foram feitos em momento algum em cima de compromissos públicos e de programas para a cidade. O pré-candidato ressaltou que Paes já havia sido preterido pelo próprio PMDB.

- Confirmado o divórcio PT-PMDB, aliança da qual Molon tanto se orgulhava, vemos que a pequena política desses partidos grandes nem sempre prospera. A suposta aliança desfaz-se a partir do não cumprimento de acordos que jamais foram públicos e programáticos - afirmou.

O deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB) é um dos que saem ganhando com o rompimento entre os dois partidos: tenta dentro do PMDB a indicação como candidato a prefeito. A sigla decidirá, na próxima segunda-feira, se fará aliança com o DEM ou se seguirá com candidato próprio. Embora não tenha o apoio de Jorge Picciani (PMDB), que avisou a Cabral que seguirá com Paes na campanha, o pré-candidato recebeu a informação da quebra do acordo como uma "grande notícia", dizendo que a tese da candidatura própria sai fortalecida dentro do partido:

- Com a força política que tem o PMDB, sendo o maior partido no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa, e governando o Rio, não tem sentido a legenda abrir mão da grande possibilidade de vencer a disputa pela prefeitura do Rio.

A pré-candidata Jandira Feghali (PCdoB-PTN) não quis comentar o assunto.

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