Título: Dossiê: oposição quer investigar ministros
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 06/06/2008, O País, p. 8

Representação já foi enviada ao procurador Antonio Fernando de Souza

BRASÍLIA. Derrotada na CPI do Cartão, a oposição encaminhou ontem ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, uma representação propondo investigação de quatro ministros - Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Jorge Hage (Controladoria Geral da República) e Tarso Genro (Justiça) - e cinco servidores da Casa Civil supostamente envolvidos no processo de elaboração e divulgação do dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique. A representação sugere ainda um outro processo contra a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), por peculato.

A representação foi entregue ao procurador pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que contou com o apoio de outros parlamentares de oposição, como o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e os deputados Índio da Costa (DEM-RJ), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Augusto Carvalho (PPS-DF). No texto, eles sugerem que, após a apuração de tudo, os representados sejam denunciados.

De acordo com a representação, Dilma teria tido, no mínimo, uma "conduta omissiva" no episódio do dossiê. "Afinal, se tivesse tido o mínimo de zelo para com suas atribuições, o dossiê não teria sido confeccionado e, muito menos, suas informações teriam vazado", diz um trecho.

A representação sugere ainda investigação sobre o envolvimento dos principais assessores de Dilma na Casa Civil. Entre eles a secretária-executiva Erenice Guerra e os diretores Norberto Temóteo Queiroz (Administração), Maria de la Soledad Bajo Castillo (Recursos Logísticos), Gilton Maltez(Orçamento e Finanças) e o ex-diretor de Controle Interno José Aparecido Nunes Pires. Este último já foi identificado pela Polícia Federal como o responsável pelo vazamento do dossiê para o consultor legislativo André Fernandes, que trabalha com o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Declarações de Paulo Bernardo e Jorge Hage em seus depoimentos à CPI foram usadas pela oposição para sugerir que os dois tinham conhecimento da existência do dossiê, o que justificaria abertura de inquérito. Já o ministro da Justiça, na avaliação da oposição, deve responder por não ter determinado à PF que abrisse inquérito.