Título: PT aponta irregularidade em contrato da Alstom
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 06/06/2008, O País, p. 9

Serra reage afirmando que partido "faz tudo para atrapalhar e joga no quanto pior, melhor"

SÃO PAULO. A bancada do PT na Assembléia Legislativa denunciou ontem irregularidades em um contrato do Metrô de São Paulo com a multinacional francesa Alstom. Segundo a bancada petista, o contrato foi feito sem determinar prazo para término nem o valor total da obra, a reforma e ampliação do Centro de Controle Operacional (CCO). O contrato foi assinado em 1994 e teria custado ao estado R$84 milhões. O governador José Serra (PSDB) protestou.

- O PT é contra o Metrô. Sempre foi. A prova é que a prefeita Marta Suplicy não botou um tostão furado no Metrô. E agora estão procurando criar notícia de imprensa como parte de campanha - reagiu Serra.

Governador afirma que há ciumeira dos petistas

De acordo com o governador, o PT é contra a ampliação do Metrô na capital paulista e "faz tudo para atrapalhar". A prova, segundo Serra, de que os petistas jogam "no quanto pior melhor" é que a ex-prefeita Marta Suplicy, pré-candidata do partido ao Executivo este ano, não investiu "nenhum tostão furado" em Metrô quando administrou São Paulo, embora o Metrô seja vinculado ao estado e não à prefeitura. Para ele, existe "ciumeira" e os petistas "fazem tudo para atrapalhar".

- É ciumeira. Tudo o que eles puderem atrapalhar, vão atrapalhar. Sempre jogaram. Não vão mudar em São Paulo. O que eles puderem jogar no quanto pior melhor, eles jogam, fanaticamente - acusou o governador Serra.

De acordo com o líder do PT na Assembléia, deputado Roberto Felício, com base em cópia do documento obtido no Tribunal de Contas do Estado (TCE), o contrato foi assinado em 1994, no final do governo Luiz Antônio Fleury, na época no PMDB, e vigorou até dezembro de 2006, passando pelos governos tucanos de Mário Covas e Geraldo Alckmin. Neste período recebeu 14 aditamentos, todos realizados a partir de 2001.

- Os aditamentos feitos a partir de 2001, do oitavo ao 12º , foram julgados irregulares. Mas o TCE considerou regulares os aditamentos do primeiro ao sétimo ano de contrato - explicou Felício, lembrando que isso impediu interferências para deter eventuais irregularidades jurídicas ou na execução da obra.

O líder do PT vai pedir ao Metrô que faça uma auditoria na execução das obras do CCO para verificar se o prazo de 13 anos era realmente necessário para a conclusão das obras. Outro objetivo da auditoria é apurar quanto o estado pagou efetivamente pela obra. A bancada petista ainda briga para instalar na Assembléia uma CPI que investigue as denúncias de irregularidades em contratos assinados entre a Alstom e o estado, mas a maioria governista já bombardeou e inviabilizou a idéia.