Título: Seguros de viagem não cobrem epidemias
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 13/05/2009, Mundo, p. 18

Quem planeja viajar para o exterior e pensa em contratar seguro de viagem deve prestar atenção às clausulas referentes à cobertura ¿ em especial as que discriminam o que está excluído. É o caso de pandemias e epidemias, como a gripe suína. A maioria das empresas não cobre os gastos médicos caso o cliente contraia a doença. Uma turista brasileira, que preferiu não se identificar, está com viagem marcada para os Estados Unidos e se assustou ao perceber que nenhuma empresa cobre a nova gripe. ¿As pessoas acham que estão amparadas porque fizeram seguro, mas não estão. Nesse caso, você fica na mão¿, reclama. Ela revela que está preocupada com a viagem, marcada há três meses. ¿Já está tudo pago, vamos arriscar. Mas se fosse para marcar hoje, não marcaria¿, diz.

As seguradoras argumentam que a assistência prestada é diferente de um plano de saúde. ¿Nós prestamos assistência emergencial. No caso de uma epidemia, não temos nem como intervir, porque será um caso acompanhado pelas autoridades sanitárias locais ou pela Organização Mundial de Saúde. Não temos a obrigatoriedade de um plano de saúde particular¿, diz Juliana Bernardini, diretora de marketing da World Plus Seguros.

De acordo com as prestadoras de serviço, com uma epidemia declarada e amplamente divulgada, como é o caso da gripe suína, a empresa não pode se responsabilizar. ¿Uma pessoa que decide viajar para um lugar que está sob forte alerta de epidemia assume os riscos¿, alega Cláudia Martins, assessora de imprensa da STB, representante brasileira da seguradora internacional ISIS. ¿Todo plano de seguro trabalha com uma margem de risco. Não é possível atender sob o risco de epidemia¿, explica Bernardini.

No Brasil, a partir do momento em que o governo declara epidemia, passa a ser sua a responsabilidade de controlar a doença. ¿Por uma questão de segurança epidemiológica, os órgãos competentes é que determinam onde o paciente deverá ser tratado. Não é que a seguradora não queira dar cobertura: ela efetivamente não pode¿, completa a assessoria da Allianz, especializada em seguro de saúde empresarial.

Para evitar surpresas desagradáveis, é preciso ter a maior clareza possível na hora de fechar um contrato. ¿Tudo que é coberto e que não é coberto tem de ficar muito claros para o cliente, mesmo que ele não atine para certos detalhes¿, indica Martins. Ainda que a OMS não faça restrições de viagem nem recomende o fechamento de fronteiras para conter a gripe, a Organização Mundial do Turismo (OMT) considera a epidemia como fator importante ¿ além da crise econômica ¿ na queda prevista (entre 2 e 3%) para o turismo global em 2009.

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