Título: Potência do H1N1 é menor do que parecia
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 13/05/2009, Mundo, p. 18

O médico Paulo Feitosa, coordenador do Serviço de Pneumologia da Secretaria de Saúde, viaja amanhã para a cidade americana de San Diego, na fronteira com o México. Ele vai participar, na qualidade de especialista convidado, do congresso da Sociedade Americana de Tórax, em que estudiosos de vários países discutirão a potência do vírus H1N1 e a possibilidade de uma pandemia. No domingo, ele participou de um bate-papo pela internet com os principais participantes do encontro, que chegaram a uma conclusão: o vírus do influenza A apresenta o mesmo grau de perigo da gripe comum.

O influenza A é mais grave do que a gripe comum? A vigilância contra o surgimento e a disseminação de vírus, como o do influenza, precisa ser intensa porque o modo de transmissão ocorre rapidamente, por meio de contato entre as pessoas. Hoje, as pessoas vivem e trabalham em grandes centros urbanos, viajam mais. Esses fatores propiciam a maior circulação de um vírus. Um alerta sobre a disseminação de um vírus gripal é como um alerta de tsunami. O dever das autoridades sanitárias é o de se preparar, mas às vezes a onda é muito pequena.

O vírus é mortal? O baixo número de mortos mostra que a virulência é baixa. O risco é o mesmo de uma gripe comum. As pessoas com doenças crônicas morrem mais de gripe comum do que de outro tipo de gripe, seja A ou B. No domingo, participei de um bate-papo pela internet com especialistas do mundo inteiro e essa foi a conclusão que tiramos: o vírus não é de grande potência. Um colega médico apresentou 26 casos e todos foram de sintomas relativamente brandos, bem diferente da gripe aviária. O importante é que sabemos que a potência do vírus H1N1 não é o que se imaginava.

O Ministério da Saúde montou um estoque de emergência com antivirais. Esses medicamentos têm algum efeito na prevenção da gripe? Os antivirais são eficazes para a prevenção. Se a pessoa tomar 48 horas antes de apresentar os sintomas, o quadro dela apresentará melhorias. É preciso ter cuidado com a venda indiscriminada nas farmácias, por isso o Ministério da Saúde retirou o produto do mercado. No momento, o uso desses produtos é exclusivo para pacientes bem indicados. As pessoas não devem usar os medicamentos antivirais contra a gripe de forma desordenada porque elas estarão se prejudicando e podem criar resistência ao vírus.