Título: Yeda exonera chefe da Casa Civil e outros três integrantes do governo
Autor:
Fonte: O Globo, 08/06/2008, O País, p. 4

Auxiliares demitidos são citados em CPI que investiga corrupção no Detran

PORTO ALEGRE. Após dias de silêncio diante da maior crise política de sua gestão, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), anunciou que aceitou os pedidos de demissão do chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, do secretário-geral de Governo, Delson Martini, e do chefe do escritório do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcante, todos citados nas investigações da CPI do Detran. O comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Nilson Bueno, também foi exonerado. Ele é investigado por supostas irregularidades no pagamento de diárias.

A gota d"água para a crise foi uma conversa entre Busatto e o vice-governador Paulo Feijó (DEM), adversário político de Yeda. Na conversa, gravada por Feijó e divulgada na CPI do Detran, Busatto tenta convencer Feijó a se reaproximar de Yeda e dá a entender que estatais gaúchas são fontes de financiamentos de partidos aliados.

"Todos os governadores só chegaram aí (ao poder) com fonte de financiamento ou do Detran ou do Daer (Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem). Quantos anos o Daer sustentou, na época das obras, fortunas, e depois foi o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul)", diz Busatto na gravação.

Governadora condena comportamento do vice

Esta foi a maior mudança no secretariado de uma só vez desde que Yeda assumiu o Palácio Piratini. Ela disse que vai consultar o conselho político amanhã para tratar da substituição dos nomes. Yeda questionou a atitude do vice-governador de gravar a conversa com Busatto sem que o chefe da Casa Civil soubesse. Segundo Yeda, a gravação foi um "teatro" e "não tem valor ético ou moral".

- Quem estava gravando sabia que estava gravando e pôde fazer o teatro que bem quis. Busatto saberá dar a volta por cima. Tudo que ele fez na vida não se apaga com uma gravação. A fala gravada não tem valor ético ou moral quando um sabe que está gravando e outro não sabe que está sendo gravado.

Sobre Feijó, ela acrescentou:

- Mais firme do que nunca, quero manifestar minha indignação pelo comportamento do vice-governador. O Rio Grande do Sul é colocado, frente ao cenário nacional, como um estado em que práticas de comportamento como essa jamais foram vistas. É um comportamento digno de confronto. Esse maravilhoso povo do Rio Grande do Sul não aceita não discutir frente a frente, como sempre deve ser feito na política.

Yeda destacou que a sua campanha foi aceita como prestação de contas modelo.

- Mostrem que o povo gaúcho não confia no meu governo. E não joguem no meu colo um filho que não é meu. O povo gaúcho está sendo bombardeado, por anos, por notícias negativas no campo político. Não fui para a política acreditando que ela não fosse o que é, mas acreditando que ela pode ser mudada. É possível evoluir, sim.