Título: PT, DEM e PSDB ainda indefinidos em São Paulo
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 08/06/2008, O País, p. 8

Disputa mais complicada é sobre candidatura de Alckmin; petistas brigam para escolher vice

SÃO PAULO. Às vésperas das convenções partidárias que vão definir o quadro político na cidade de São Paulo, as cúpulas de PT, PSDB e DEM ainda travam disputas internas que provocam dificuldades na escolha do vice, no caso da candidatura petista de Marta Suplicy, e na própria cabeça de chapa - situação que tem colocado o tucano Geraldo Alckmin em pé de guerra com o prefeito Gilberto Kassab, candidato à reeleição pelo DEM. Os próximos dias serão marcados principalmente pela costura desses três pré-candidatos em torno de apoios políticos dentro de suas próprias legendas.

Alckmin já disse estar na corrida porque "atendeu ao chamado" da base partidária. No entanto, uma ala do ninho tucano tenta implodir sua candidatura, a pretexto de manter a coligação com o DEM. Para tirá-lo do páreo, o grupo liderado pelos vereadores estaria recolhendo assinaturas de delegados a favor da aliança com o Democratas. Teriam conseguido 570 de 1,2 mil votantes na convenção do PSDB municipal, marcada para o dia 22. Mais 30 nomes e os pró-Kassab terão poderes para propor a montagem da chapa com o PSDB no papel de vice.

Essa articulação fez com que o secretário de Parcerias e Participações do município, o tucano Ricardo Montoro, deixasse o cargo em tempo hábil para, ocupar o posto na eventual chapa encabeçada por Kassab. Ele mesmo admite a possibilidade:

- Não deixei o cargo com a condição (de ser vice), mas a partir de agora posso ser visto assim. Quando um jogador de futebol se profissionaliza, o sonho dele é a seleção. Quando acontece com um político, o sonho é chegar à Presidência.

A convenção do DEM acontece no próximo sábado. A idéia é confirmar o nome de Kassab e deixar em aberto as condições para a escolha do vice.

Duas situações estariam por trás do movimento anti-Alckmin, uma delas a manutenção de tucanos na administração municipal - hoje ocupam cerca de 80% dos cargos de confiança. Mas a principal causa gira em torno da eleição de 2010, quando os tucanos esperam contar com o Democratas na disputa à sucessão do presidente Lula.

Lula defende que vice de Marta seja empresário

No PT, o problema é a escolha do vice de Marta. Um grupo tenta emplacar uma chapa puro-sangue, e há quem defenda a nomeação de um empresário, para aproximá-la da classe média. A incerteza em torno de como o PT vai seguir para a convenção, dia 29, também é provocada pelos atritos na relação do partido com o chamado "bloquinho" (PCdoB, PSB e PDT). O apoio deles à petista estaria condicionado à escolha de um integrante do grupo para vice.

Marta sondou a ex-prefeita Luiza Erundina (PSB) para ser sua vice, mas o presidente Lula tem dito que prefere que o cargo seja ocupado por um empresário, repetindo a aliança de sucesso dele com o vice-presidente José Alencar, em 2002 e na reeleição em 2006. Fala-se que um nome ideal para Marta ter de vice seria o empresário do setor de alimentos Lawrence Pih, dono do Moinho Pacífico.