Título: Petista nega acordo: O Rio não pode ser moeda de troca
Autor: Fernandes, Diana; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/06/2008, O País, p. 3

Vice-presidente do PCdoB-RJ, porém, considera possível chapa reunindo os dois pré-candidatos.

O pré-candidato a prefeito do Rio pelo PT, Alessandro Molon, negou ontem qualquer possibilidade de aceitar um acordo para retirar sua candidatura e aceitar ser vice na chapa de Jandira Feghali (PCdoB-PTN). O petista ressaltou que foi escolhido numa prévia com mais de oito mil filiados, o que dá credibilidade à sua candidatura. Segundo ele, nem a direção do partido pode reverter a situação:

- Não existe possibilidade disso, é chance zero. Essa pré-candidatura não pertence a mim e nem à direção do partido. Abrir mão dessa eleição seria uma traição aos 8 mil participantes das prévias e aos 25% dos cariocas que preferem o PT. O Rio não pode ser moeda de troca.

O PCdoB, no entanto, não afasta a possibilidade de coligação com o PT na capital, desde que tendo a comunista Jandira Feghali como cabeça de chapa. O vice-presidente estadual do partido, deputado federal Edmilson Valentim, não escondeu o entusiasmo com a dobradinha:

- Pela tradição histórica, não é uma aliança difícil de ser feita.

Para Edmilson, a disposição demonstrada pelo PT nacional, de apoiar os aliados onde seus candidatos estiverem melhor, "reflete uma lógica correta". Ele lembrou que, em 2000, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jandira Feghali abriu mão de sua candidatura à prefeitura do Rio para apoiar Benedita da Silva. Portanto, ele não vê problemas para Molon traçar o mesmo caminho.

Já o presidente do diretório municipal do PT, Alberes Lima, negou que Molon possa ser vice de Jandira. Segundo ele, seria muito difícil que o pré-candidato aceitasse o posto depois do fim da aliança com o PMDB. Alberes afirmou que renunciará ao cargo caso o acordo seja selado entre PT e PCdoB.

- É inconcebível. Duvido que o Molon faria isso. Renuncio à presidência do diretório municipal se isso acontecer. Já liguei pra executiva nacional e não tem acordo com isso, é mentira. Seria uma sacanagem muito grande - disse, irritado.

O apoio a Jandira não traria vantagem para o PT apenas em São Paulo. Entre os maiores colégios eleitorais do Grande Rio, o PCdoB não terá candidatos próprios em Niterói, São Gonçalo e Nilópolis. Sendo assim, um eventual apoio na capital poderia ser retribuído pelos comunistas em cidades fluminenses importantes como Niterói, onde o PCdoB hesita entre apoiar o petista Rodrigo Neves ou o pedetista Jorge Roberto Silveira.

- Estamos abertos a discutir alianças com as mais amplas conseqüências - disse Valentim.

Até o momento, há negociações do PCdoB com o PSB e PDT. Os comunistas terão candidatura própria em São João de Meriti e Belford Roxo. Está praticamente fechado o apoio ao PT em Mesquita (para a reeleição de Artur Messias). Mas o PCdoB deverá apoiar candidatos do PMDB em Duque de Caxias (em provável aliança com o PT) e Nilópolis.