Título: UFRJ: rombo atingirá US$17 bi
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 09/06/2008, Economia, p. 15

Estudo defende política fiscal austera.

As projeções do mercado para o déficit em transações correntes já chegam a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pela economia) em 2010, conforme o Grupo de Conjuntura da UFRJ prevê, mantendo as variáveis econômicas que prevalecem atualmente. Para os economistas da universidade, o rombo deste ano ficará em US$17,1 bilhões, correspondendo a 1% do PIB. Em 2009, essa parcela seria mais que o dobro: 2,4%. A LCA Consultores é mais conservadora. Para eles, este ano, o déficit corresponderá a 1,3% do PIB, subindo para 1,5% em 2009.

Alguns exercícios no mercado fazem cruzamentos sobre o desempenho da economia e seus reflexos nas contas externas. O consumo do governo pode mudar o rumo do déficit. Se o consumo do governo (excluindo as transferências da Previdência Social e dos programas sociais) crescer no mesmo nível do PIB (em torno de 5% ao ano), o déficit externo chegaria a 5% do PIB em 2010. Se o consumo do governo se mantiver em torno de 3% (uma taxa pouco inferior a que foi registrada no ano passado), esse déficit chegaria a 4%, com a metade dele sendo financiado por investimento direto estrangeiro.

Estudo feito pelo economista Affonso Celso Pastore, no XX Fórum Nacional, mostra que, ao se elevar o investimento como proporção do PIB em um ponto percentual, o déficit caminharia na frente. Como o governo tem como meta alcançar uma taxa de investimento de 21% do PIB em 2010, isso implicaria em uma alta do déficit para entre 4% e 5% do produto.

"É isso que ocorrerá caso se obtenha sucesso em passar as taxas de investimento para 21% e 22% do PIB, mantendo as transferências de renda que elevam o consumo, sem cortar os gastos do governo. A conclusão que se extrai é que para garantir o crescimento acelerado é necessária uma política fiscal muito mais austera do que a atualmente colocada em prática pelo governo", conclui o estudo, também assinado pelos economistas Maria Cristina Pinotti e Leonardo Porto de Almeida. (Cássia Almeida)