Título: Discriminação assusta
Autor:
Fonte: O Globo, 08/06/2008, O Mundo, p. 45

Brasileiros reclamam de desigualdade

BERLIM. Segundo estatísticas oficiais 60 mil brasileiros vivem na Alemanha, sendo que 60% são mulheres que se casaram com alemães. Alda Santos, Cesar Cataldi Mello e Luzia Simons têm biografias típicas da população brasileira na Alemanha. Alda, de 41 anos, fez apenas o curso primário porque precisava trabalhar para ajudar a família em Ubatan, interior da Bahia. Ela viveu em Minas Gerais e São Paulo, onde conheceu o marido, o alemão Thomas Kleindienst, com quem tem um filho de 18 anos.

Quem é brasileiro e vive em Berlim termina um dia conhecendo Alda, que é dona do "Café do Brasil", restaurante na Avenida Mehringdamm, bairro de Kreuzberg, um dos preferidos pelos imigrantes.

- É claro que temos problemas na Alemanha, mas a sensação de segurança, um bom seguro de saúde, isso é para mim qualidade de vida - diz Alda.

Mas o preço da segurança material é alto: cerca de 15 horas de trabalho por dia e sem férias. A brasileira aponta para apenas um aspecto negativo no país: a discriminação de estrangeiros e a violência por parte de grupos neonazistas.

-- Uma vez eu fui perseguida e tive muito medo, porque na época não sabia falar alemão - lembra.

O carioca Cesar Cataldi Mello já dançou no Teatro Guaíra, de Curitiba, na Deutsche Opera de Berlim e em outros importantes palcos europeus. Ele vê a Alemanha de forma crítica, mas aponta erros também no comportamento dos brasileiros que vivem no país. Para ele, os brasileiros não querem se integrar e continuariam "cultivando a mesma vida que levavam no Brasil, com samba, sexo e futebol". Mas Cataldi, que além de bailarino é designer e coreógrafo, vê erros também na Alemanha:

- O país está com desnível enorme entre os que têm e os que não têm - conclui o carioca, que vive atualmente em Duesseldorf. (G.M.R)