Título: IGP-DI de maio é o mais alto do Real
Autor: Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 10/06/2008, Economia, p. 27

Segundo FGV, inflação ficou em 1,88%. Alimentação continua pressionando

Cássia Almeida e Aguinaldo Novo

RIO e SÃO PAULO. Com taxa recorde de 1,88%, o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou a aceleração da inflação em maio, puxada mais fortemente pela alta no atacado. O índice é o maior desde janeiro de 2003, quando a inflação no período pós-Real refletia a forte desvalorização da moeda brasileira ocorrida em 2002. Para um mês de maio, a taxa é a maior do Real. No ano, o IGP-DI já subiu 5,16% e, nos últimos 12 meses, acumula 12,14%.

O economista Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, diz que os fatores que provocaram a alta recorde em maio devem se dissipar neste mês. Ele cita os aumentos no atacado do óleo diesel, de materiais de construção para indústria e do minério de ferro. O Índice de Preços no Atacado (IPA) subiu de 1,30% em abril para 2,22% em maio, a maior taxa desde dezembro de 2002:

- São reajustes que não vão se repetir este mês, desacelerando a inflação no atacado (que responde por 60% do índice).

O economista não vê o mesmo cenário para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que teve alta de 0,87% no mês passado, percentual mais alto que o 0,72% de abril. No varejo, a alta dos alimentos (2,33%) ainda deve elevar o IPC neste mês, segundo Quadros:

- Principalmente de carnes, frango e arroz. Outros produtos, como laticínios e derivados de trigo, tendem a subir menos este mês.

A disseminação dos reajustes pela economia aparece no núcleo do IPC, que retira as oscilações mais fortes, tanto de baixa como de alta. Passou de 0,38% em abril para 0,44%.

- Isso mostra um certo espalhamento dos reajustes. Muitos alimentos subiram e alguns serviços também.

Também medido pela FGV, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), referente ao período de 8 de maio a 7 de junho, apresentou forte aceleração. O indicador teve alta de 1,12%, contra 0,87% no fechamento de maio. Foi a maior variação desde a primeira quadrissemana de fevereiro de 2004, quando o IPC-S chegou a 1,22%. Mais uma vez, a inflação foi puxada pelos alimentos, que subiram 2,98%, contra 2,33% em maio.