Título: Prejuízo científico em Pernambuco
Autor: Oliveira, Germano
Fonte: O Globo, 11/06/2008, O País, p. 3

Manifestantes destruíram experimentos em estação de estudos sobre cana

FORTALEZA e RECIFE. No Ceará, cerca de mil trabalhadores rurais ocuparam o Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Fortaleza. Foram fechadas as áreas de carga e descarga do terminal, em protesto contra o projeto de instalação de cinco termoelétricas, uma refinaria e uma siderúrgica no complexo, que, para os manifestantes, vão causar danos ambientais e sociais. O protesto terminou no fim da tarde.

Em Pernambuco, cerca de 200 integrantes da Via Campesina, que inclui o MST, ocuparam a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar de Carpina, renderam o vigilante com foices e invadiram a área interna, onde destruíram experimentos científicos, alguns usados em décadas de estudos. Ainda tentaram queimar parte do campus, mas devido às chuvas não tiveram sucesso.

A estação é mantida pela Rede Inter Universitária para Desenvolvimento do Setor Sucro Alcooleiro (Ridesa), em parceria com a iniciativa privada, e é considerada uma das mais importantes instituições científicas do setor. De suas pesquisas resultaram variedades de cana que hoje respondem por 60% dos 7 milhões de hectares implantados com lavoura açucareira no país, segundo seu diretor, Djalma Eusébio Simões.

A Via Campesina alegou que foram destruídos plantios de cana transgênica, mas Simões informou que não há produtos nem experimentos do gênero.

Ontem mesmo, a Ridesa pediu à Procuradoria Judicial da Universidade Federal Rural de Pernambuco que solicite instauração de inquérito na Polícia Federal. As portas das salas da administração e dos laboratórios que estavam fechados não foram arrombadas.