Título: Investimento é inadequado
Autor: Schreiber, Mariana ; Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 11/06/2008, Economia, p. 26
SÃO PAULO. José Alexandre Scheinkman, professor de Princeton, reagiu com cautela diante do PIB. "Se crescermos 5,8% por ano será muito bom". Mas, diz, o país não tem como manter essa taxa sem elevar os investimentos.
Ronaldo D"Ercole
O senhor diz que o baixo nível da formação de capital é problema crônico. Mas os investimentos alcançaram 18,3% do PIB...
JOSÉ SCHEINKMAN: Medir formação bruta de capital num trimestre gera um número muito volátil. Mas, mesmo que chegássemos num nível de 18%, de 20% no ano, ainda seria inadequado a longo prazo para sustentar altas taxas de crescimento.
O que o senhor considera altas taxas?
SCHEINKMAN: Uns 5% ou 6% ao ano - o Brasil poderia fazer. Teríamos que elevar a taxa de formação de capital para perto de 25%. São dois componentes, o investimento público e o privado. O público é muito baixo, e o reflexo está na infra-estrutura.
Houve desaceleração no consumo das famílias. Isso reduz pressões sobre inflação e juros?
SCHEINKMAN: A questão é o que o BC olha na previsão da inflação. É capaz de elementos como esse (gasto das famílias) fazerem parte do modelo. Sendo assim, o BC leva em consideração. Os juros são problema para o Brasil, que tem taxa muito elevada.
É mais um obstáculo?
SCHEINKMAN: Para o longo prazo, há importante gargalo no investimento público e dificuldades ao investimento privado. Houve melhorias na economia, e há crescimento pela demanda externa. São boas notícias. Mas para sustentar no longo prazo é preciso investir em infra-estrutura e capital humano.
O senhor diz que o governo deve gastar menos.
SCHEINKMAN: Poderia poupar mais e, além disso, gastar mais em investimentos e menos em despesas