Título: Paes: Senti sinais de que Molon perderia apoio
Autor: Braga, Isabel; Barbosa, Adauri Nunes
Fonte: O Globo, 11/06/2008, O País, p. 8

Pré-candidato a prefeito do Rio nega que tenha saído do governo Cabral fora do prazo

De novo pré-candidato do PMDB a prefeito do Rio, Eduardo Paes disse ontem que assinou sua exoneração da Secretaria estadual de Turismo, Esporte e Lazer já sabendo que seria relançado na corrida eleitoral carioca. Paes contradisse a versão dada pelo vice-governador, Luiz Fernando Pezão, responsável pelo ato no Diário Oficial e que alegou como motivo da saída uma ação para Paes ser um "puxador de votos" numa pré-candidatura a vereador. De acordo com Paes, no entanto, sem citar o que teria provocado o rompimento com o PT, de Alessandro Molon, havia um "clima" dentro do partido para o fim do acordo com os petistas.

- Já sentia sinais de que poderia haver uma saída desse apoio ao Molon. Tinha um clima. Deixei isso aqui pronto no Rio (a exoneração), na eventualidade da pré-candidatura. Foi uma decisão que eu tomei. Mas o Molon é uma figura que respeito muito. Tenho uma relação quase que pessoal com ele - ressaltou o peemedebista.

"Não podia criar um holograma e sumir de Atenas"

Em entrevista ao GLOBO, o ex-secretário também se defendeu das acusações de que teria saído da secretaria um dia depois do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral. Segundo ele, "o processo foi correto". Para os adversários, porém, o Diário Oficial de sua exoneração, que traz data do dia 5 de junho (limite de desincompatibilização), só circulou no dia 6. Como estava em Atenas, acompanhando a candidatura do Rio para as Olimpíadas de 2016, Paes afirmou que ficou metade do tempo como secretário. Depois de seu afastamento, disse apenas que ficou na cidade, sem representar o governo do estado:

- Não podia criar um holograma e sumir, ou sair correndo dali. Não tenho preocupação alguma quanto a isso. O processo é correto, e agora é guerrilha de quem teme nossa candidatura. Todos os prazos e preceitos legais foram respeitados. Se alguém quiser, que faça a contestação. Fico animado, é um sinal de que trata-se de uma candidatura.

Apoio de Lula está nos planos do peemedebista

Eduardo Paes ficou os últimos dois dias trancado em salas de reunião para organizar sua pré-campanha. Além de responder aos questionamentos sobre a exoneração, o ex-secretário também terá de convencer o PMDB, que decidirá o nome do candidato só no próximo dia 22. Concorrem com ele o deputado federal Marcelo Itagiba e o presidente do Sindicato dos Artistas, Jorge Coutinho. O peemedebista disse que vai continuar trabalhando com "as forças políticas" do partido, além de apresentar seu nome ao secretário-geral do PMDB, Jorge Picciani.

O pré-candidato de Cabral também mostrou-se disposto a batalhar pelo apoio e conseqüentemente pelos votos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além dele, também pleiteiam o respaldo presidencial os concorrentes Marcelo Crivella (PRB-PTB-PR), Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PT).

- Vamos trabalhar juntos. Dessa vez com o governador e o presidente. Não tenho dificuldade, vamos fazer muito isso. Tenho vontade de estabelecer a parceria. O problema é que as pessoas acabam fazendo certos dramas. Mas considero essa disputa uma besteira - afirmou Paes.