Título: Sindicalistas apóiam, mas com ressalvas
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 12/06/2008, O País, p. 5

Centrais querem que todos os recursos sejam para a saúde

Germano Oliveira

SÃO PAULO. Os sindicalistas das duas maiores centrais sindicais do país até apóiam a criação do novo imposto do cheque, a Contribuição Social para a Saúde (CSS), mas desde que todos os recursos sejam destinados para a saúde e o governo não permita que o dinheiro vá para outros setores, como aconteceu com a extinta CPMF, conforme explicaram ontem dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A Força Sindical, no entanto, diz que, em tese, a entidade é contra a criação de novos impostos, mas entende que pode apoiar a nova contribuição desde que os trabalhadores tenham compensações com a redução da carga tributária numa eventual reforma tributária.

-Sempre defendemos a redução de impostos, pois entendemos que qualquer imposto, por menor que seja, pesa na costa do trabalhador - disse ontem Eleno José Bezerra, vice-presidente nacional da Força Sindical.

"O dinheiro sempre é aplicado em outras coisas"

Ele afirma que se o objetivo da nova taxa fosse o de controlar o sistema financeiro, como acontecia com a CPMF, o governo deveria logo era taxar o sistema financeiro, que é o que mais lucra no país.

- A Força Sindical até apoiaria a nova contribuição desde que o dinheiro fosse todo para resolver a calamidade pública em que vivem os hospitais, mas o dinheiro sempre acaba aplicado em outras coisas - disse Eleno Bezerra.

A entidade afirma que mesmo que o dinheiro vá todo para a saúde, o aumento da carga tributária para o trabalhador deveria ser compensada na eventual reforma tributária, com a redução do INSS para o trabalhador de 11% para 10%, por exemplo.

CUT teme que se repita o que aconteceu com CPMF

Já Quintino Severo, secretário-geral da CUT, explica que a entidade apóia o novo imposto, com ressalvas.

- Apoiamos que a saúde tenha financiamento próprio, mas desde que todos os recursos sejam carimbados e destinados integralmente para a saúde. É evidente que a saúde precisa de mais dinheiro, mas os recursos precisam efetivamente ser alocados para os programas de políticas públicas para saúde - disse o secretário-geral da CUT.

Para ele, o governo não pode repetir os erros que cometia com a extinta CPMF.

- Não pode voltar a acontecer o que aconteceu com a CPMF, em que os recursos eram jogados no Orçamento Geral da União e acabavam financiando gastos do governo em outros setores - concluiu Severo.