Título: No Rio, um resultado 'bastante fraco'
Autor: Weber, Demétrio; Soares, Natália
Fonte: O Globo, 12/06/2008, O País, p. 10

Estado ficou em 15º lugar no ranking do ensino médio, no seu pior exame

RIO e RECIFE. A secretária estadual de Educação do Rio, Tereza Porto, admitiu ser "bastante fraco" o desempenho do estado no Ideb. O Rio foi o oitavo nas séries iniciais do ensino fundamental, o 11º nas séries finais, e 15º no ensino médio, cuja rede é majoritariamente estadual.

- O Rio de Janeiro teve um resultado bastante fraco. Com certeza, a notícia não é boa para nós - disse ela.

Indagada sobre as causas que levaram ao mau desempenho fluminense, respondeu:

- É uma boa pergunta, gostaria de ter essa resposta. Tem que melhorar muitíssimo a qualidade do ensino no Rio e no Brasil. Se olharmos os resultados, a situação de todos não é satisfatória. O Brasil inteiro tem que evoluir. O Rio está fazendo o possível.

Tereza lembrou que assumiu o cargo em 20 de fevereiro e encontrou a secretaria em situação precária:

- Percebemos uma carência de informações gerenciais. Estamos fazendo um esforço para manter atualizada a estrutura de dados.

Para especialistas, a falta de continuidade de projetos educacionais do governo, a precariedade da infra-estrutura das escolas e a má formação e os baixos salários dos professores da rede estadual de ensino são os principais motivos do mau desempenho do Rio. Segundo a professora Bertha do Valle, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a rede estadual convive com a falta de professores e escolas sem infra-estrutura.

- É muito comum, no município do Rio, escolas da rede estadual terem que usar as instalações de escolas municipais para poderem funcionar. Grande parte do ensino médio é oferecida à noite, por causa da infra-estrutura precária. É preciso oferecer ensino diurno, porque isso melhoraria o rendimento de estudantes e de professores.

"Faltava carteira, professor, não tinha aula sempre"

Em Pernambuco, houve uma melhora nos resultados em relação a 2005. Só no ensino médio não foi alcançada a meta de 2007. A nota tirada foi 3 e a meta era 3,1. Em 2007, havia escolas em situação tão precária que era preciso fazer sistema de rodízio para os alunos, porque faltavam professores e até carteiras. Foram 72 as escolas interditadas porque ofereciam risco para professores e alunos.

Ontem, O GLOBO visitou duas escolas, nas quais estivera anteriormente, e constatou que a situação melhorou e já não faltam professores. Em 2007, a Escola Trajano de Mendonça, na zona oeste de Recife, oferecia aulas em dias alternados para seus 1.430 alunos. Agora, ninguém fica sem aula por falta de professor. Aos 15 anos, Soânia Maria da Silva, do segundo ano do ensino médio, já percebeu a diferença.

- Fiquei muito prejudicada. Faltava carteira, professor, não tinha aula sempre. Hoje, pelo menos isso está resolvido. Mas temos problemas ainda no lanche, que é fraco. Também na biblioteca, que está sem luz, e no laboratório de informática, que tem goteiras e está sem monitor - reclamou a menina.

Ela elogiou os kits enviados pelo governo estadual para todos os colégios - mochila, uniforme, livros didáticos, cadernos, lápis - mas reclamou que beneficiaram os alunos do ensino fundamental, mas não do médio.