Título: Preço do petróleo sobe mais de US$ 5 em NY
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Fonte: O Globo, 12/06/2008, Economia, p. 32

Protestos contra aumentos dos combustíveis já afetam abastecimento em supermercados e postos em Portugal e Espanha NOVA YORK, MADRI e PARIS. A divulgação de um relatório do governo americano, revelando que os estoques de petróleo do país tiveram uma forte queda, fez os preços do petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York saltarem mais de US$5 ontem. A Administração de Informações de Energia dos EUA disse que na última semana as reservas de petróleo caíram 4,6 milhões de barris, para 302,2 milhões. Uma pesquisa da Reuters com analistas esperava um queda de 1,1 milhão de barris.

Com isso, o contrato para julho do tipo leve americano encerrou o dia com alta de US$5,07, ou 3,86%, a US$136,38 o barril. Durante a sessão, o preço oscilou entre US$131,35 e US$138,30. Segundo operadores, no fim das negociações, os investidores embolsaram lucros, contendo a alta. Na última sexta-feira, a cotação alcançou o patamar recorde de US$139,12. Em Londres, o preço do petróleo do tipo Brent fechou em alta de US$4, ou 3,05%, a US$135,02 por barril, sendo negociado entre US$131,65 e US$137,30.

A desvalorização do dólar no mercado internacional e problemas de abastecimento na Nigéria, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), ajudaram na escalada de preços.

¿ O dólar está caindo e isso pode nos levar de volta para perto dos US$140 o barril ¿ disse Mark Waggoner, presidente do Excel Futures.

Na Espanha, manifestantes e polícia entram em choque

Os efeitos negativos do aumento dos preços do petróleo, que já subiram mais de 40% este ano, vêm se traduzindo em pressões inflacionárias sobre produtos básicos, sobretudo alimentícios, o que está provocando manifestações cada vez mais violentas no mundo.

Confrontado por bloqueios em rodovias federais, o governo espanhol disse ontem que adotará todas as medidas legais para desobstruir as estradas, tomadas por caminhoneiros que protestam contra a alta dos preços dos combustíveis. Os choques com a polícia deixaram dezenas de feridos, entre manifestantes e agentes de segurança, a maior parte em Sevilha e Almería. Os caminhoneiros também fizeram uma carreata em homenagem ao piqueteiro morto anteontem, ao ser atropelado por uma van que furou o bloqueio.

O protesto já deixa as prateleiras dos supermercados espanhóis vazias. Além disso, vários postos de gasolina não receberam combustíveis, gerando escassez em várias regiões. O governo espanhol anunciou ajuda de 19 milhões em ajuda para os pescadores afetados também pelos preços dos combustíveis.

Em Portugal, a greve dos caminhoneiros começa a afetar o abastecimento para as empresas aéreas que operam no país. O Aeroporto de Lisboa só tem combustível para atender a casos de emergência. Diante disso, as companhias aéreas estão fazendo escalas para completar o abastecimento.

Afetada pela escalada de preços, a Air France anunciou ontem que vai elevar a taxa de combustível de suas tarifas. Os novos preços já entram em vigor a partir de amanhã. A nova taxa será de 2 por trechos de vôo domésticos e 5, nos internacionais de média distância. Nos vôos de longa distância, o aumento vai variar entre 10 e 20.

O diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Nobuo Tanaka, disse ontem que o mundo vive uma ¿crise do petróleo¿, e acrescentou que a agência está pronta para liberar seus estoques emergenciais.

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