Título: Carga tributária sobe para 38,9% do PIB e soma R$ 258,9 bi no 1º trimestre
Autor:
Fonte: O Globo, 17/06/2008, Economia, p. 26

Percentual é recorde para o período, segundo estudo de instituto

Ronaldo D"Ercole

SÃO PAULO. A carga tributária brasileira alcançou a marca de 38,9% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre deste ano, o maior patamar para o período na História, com aumento de 1,87 ponto percentual em relação aos três primeiros meses de 2007. Estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que a arrecadação total de impostos e contribuições nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal) foi de R$258,90 bilhões no trimestre.

A carga tributária acumulada em 12 meses também manteve tendência ascendente. Entre abril de 2006 e março de 2007, havia sido de 35,34%. Nos 12 meses encerrados em março de 2008 bateu em 36,58%. Também um novo recorde histórico, considerando-se a nova metodologia de cálculo do PIB.

- Mesmo que caia o ritmo de crescimento da economia, vamos continuar tendo recordes, porque a arrecadação tende a desacelerar menos que o PIB - observou o presidente do IBPT, Gilberto do Amaral.

Segundo ele, além do impulso do aumento da atividade econômica, a arrecadação cresce mais rapidamente que o PIB devido à estrutura tributária do país, que permite incidência em cascata.

- Os tributos são cobrados sobre eles mesmos. Sobre a mesma fonte, como folha de pagamento das empresas, além do tributo direto (a contribuição ao INSS), incidem também a PIS/Cofins e o ICMS.

País arrecadou mais R$37 bi no trimestre, alta de 16,7%,

Segundo o estudo do IBPT, mesmo com a extinção da CPMF, que significou uma perda de receita de R$7,48 bilhões, a arrecadação cresceu R$37,15 bilhões no trimestre, ou 16,75% em relação aos R$221,75 bilhões de igual período de 2007.

Nominalmente, o Imposto de Renda (IR), o mais diretamente ligado ao desempenho da economia, foi o tributo cuja arrecadação mais cresceu, R$11,78 bilhões, para R$48,15 bilhões. A segunda maior alta foi a do ICMS, de R$7,74 bilhões, seguido das contribuições ao INSS, que cresceram R$6,53 bilhões. Em termos percentuais, o tributo cuja mordida mais cresceu foi o IOF, 153,11%, cujas regras de cobrança e alíquotas foram alteradas em 2 de janeiro para compensar o fim do imposto do cheque. O IR, com alta de 32,39%, veio em segundo, pelo mesmo critério.