Título: Governadora do RN defende filho e diz que prisão foi ato de muita violência
Autor: Francisco, Paulo
Fonte: O Globo, 17/06/2008, O País, p. 4

Lauro Maia, acusado de fraudar licitações, foi preso sexta-feira pela PF

Paulo Francisco*

NATAL. A governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), depois de três dias de silêncio, falou ontem sobre a prisão do filho Lauro Maia, pela Polícia Federal, classificando o ato de "muita violência". Acusado de tráfico de influência e de participação em uma quadrilha que fraudava licitações de empresas de locação de mão-de-obra para o governo do estado, o advogado e ex-assessor parlamentar Lauro Maia foi preso sexta-feira, com outras 12 pessoas.

O filho da governadora seria liberado hoje, mas a PF pode pedir a prorrogação da prisão temporária de cinco dias, concedida pela Justiça Federal. Segundo a PF, as fraudes envolvem cerca de R$36 milhões em contratos das empresas investigadas com o governo do estado, mas não há ainda um valor definido do desvio feito pela quadrilha.

Wilma criticou a maneira como o seu filho foi preso, já que ele tem residência fixa.

- Como mãe e cidadã, eu quero a coisa certa. Achei que houve um ato de muita violência, porque meu filho tem endereço certo, as pessoas que estão ali têm endereços certos - disse a governadora ontem de manhã, após votar na convenção do PSB pela aliança com o PT e o PMDB em apoio à candidata petista à prefeitura de Natal, deputada federal Fátima Bezerra.

Lauro Maia negou à PF saber das fraudes na Saúde

Para Wilma, os acusados poderiam ter sido chamados a depor, sem a necessidade das prisões. Ela disse que já determinou que os secretários de Saúde que ocuparam a pastas nos últimos anos no seu primeiro e segundo governo dêem uma entrevista coletiva.

Lauro Maia foi ouvido no domingo na sede da PF em Natal e negou que soubesse das fraudes ou que tivesse qualquer inferência nos contratos firmados entre as empresas investigadas e a secretaria de Saúde. Segundo Wilma, são muitos os processos que tramitam no governo e ele não tinha conhecimento de todos. O advogado de Lauro, Erick Pereira, impetrou habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede em Recife. Até as 19h30m de ontem a Justiça Federal ainda não havia se pronunciado sobre o pedido.

- A coisa já deixou de ser de investigação para ser de humilhação. Não havia mais necessidade de manter Lauro preso - disse o advogado.

O advogado e empresário Anderson Miguel da Silva, da A&G locação de mão-de-obra, preso na mesma operação e solto na sexta-feira, disse ontem que conhecia Lauro de suas relações políticas, já que é pré-candidato a prefeito de Maxaranguape, município litorâneo a 50 km ao norte de Natal. Segundo ele, na campanha eleitoral de 2006, sua empresa fez doação legal à candidata do PSB ao governo, na época, mas nunca recebeu pedido de propina do filho dela.

- Ajudei na campanha, é uma coisa normal, pública, está lá no Imposto de Renda. Tudo foi lícito.

Dos 13 presos na operação Higia, referência à deusa grega da saúde e limpeza, Anderson, sua mulher, Jane, e dois funcionários públicos, Francenildo Rodrigues (Procuradoria) e Marco Antônio França de Oliveira (Secretaria da Saúde), foram liberados.