Título: Alckmin: aliança com DEM sepultada
Autor:
Fonte: O Globo, 17/06/2008, O País, p. 8
Tucano diz que dobradinha agora só no 2º e que Serra "não terá dois palanques"
Germano Oliveira
SÃO PAULO. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem que o fato de a convenção municipal do DEM ter oficializado, no sábado, a candidatura do prefeito Gilberto Kassab à reeleição sepultou de vez a possibilidade de se reeditar a dobradinha dos dois partidos neste primeiro turno para a eleição municipal em São Paulo. O nome de Alckmin também deve ser homologado na convenção do PSDB, no próximo domingo.
- Agora, a única possibilidade de reeditarmos a dobradinha será no segundo turno. Por isso, pretendo fazer uma campanha sem ataques ao prefeito, discutindo somente os problemas da população. Não vou perder tempo com picuinhas. Tanto eu quanto Kassab temos consciência de que nosso adversário é o PT da ex-ministra Marta Suplicy - disse ontem Alckmin, pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB.
"Fiz tudo o que podia para viabilizar a coligação"
Alckmin disse ter a consciência tranqüila com o fato de a aliança PSDB/DEM não ter dado certo na disputa da eleição municipal em São Paulo.
- Fiz tudo o que podia. Tomei café da manhã, almocei e jantei inúmeras vezes nos últimos meses para viabilizar a coligação, mas não foi possível. O prefeito Kassab quis ser candidato, e temos que respeitar a posição dele. De minha parte, não poderia deixar de ser candidato, porque o partido queria candidatura própria.
Alckmin lembrou que, desde que o PSDB foi fundado, há 20 anos, sempre teve candidato a prefeito em São Paulo.
- Aliás, na primeira vez em que disputamos a prefeitura, em 1988, o candidato a prefeito foi o governador José Serra que, desta vez, preferia que o candidato a prefeito fosse Kassab e que o PSDB indicasse o vice - disse Alckmin.
Ele lembrou que fez dobradinha com o PFL (hoje DEM) em 2002 para governador em São Paulo, mesmo quando o PFL não se coligou com o PSDB no país:
- Nosso adversário não é Kassab. É a ex-ministra Marta. Estaremos juntos no segundo turno. Eu não poderia abrir mão de uma candidatura que aparece nas pesquisas liderando o processo, num empate técnico com a candidata do PT. E, mais que isso, as pesquisas indicam que eu venceria a eleição no segundo turno.
Alckmin diz não acreditar que o acirramento da campanha possa inviabilizar um segundo turno com o apoio do DEM:
- Vou seguir o conselho que Peron deu a Evita na Argentina: faça uma campanha propositiva, sem ataques, fale muito das coisas e nada das pessoas. Eu pretendo fazer uma campanha para discutir o problema da metrópole, com civilidade.
"Serra vai apoiar a minha candidatura"
Alckmin também diz não acreditar que o fato de aliados de Serra preferirem a candidatura de Kassab, e não a sua, possa deixar o governador de São Paulo numa saia justa, dividido entre dois palanques, enfraquecendo a candidatura tucana em São Paulo.
- Serra não terá dois palanques. Ele apoiará a minha candidatura, que é a candidatura do PSDB. Serra, como eu, é fundador do PSDB e ficará com a candidatura do partido - disse Alckmin.
Ele lembrou que na eleição de 2004 para prefeito, como governador apoiou decisivamente a eleição de Serra e ajudou a derrotar a petista Marta.
- Tanto naquela oportunidade como agora temos que unir forças para derrotar a força de Lula e a máquina do PT. Eu já venci o presidente Lula na eleição para presidente em São Paulo no primeiro e no segundo turnos em 2006 - disse o ex-governador.