Título: Moradores foram à Câmara dos Vereadores reclamar dos militares
Autor: Costa, Ana Cláudia
Fonte: O Globo, 17/06/2008, Rio, p. 15
Líder comunitária da Providência pede vingança durante enterro
A vereadora Liliam Sá (PR) contou que, cerca de uma semana antes dos confrontos no Morro da Providência, uma comitiva de 20 moradores foi à Câmara e fez uma série de queixas contra a atuação dos militares na comunidade. Ela afirmou que já tinha pedido uma audiência com o Exército para falar sobre a denúncia, mas o encontro não chegou a ser marcado.
No sábado, quando os três jovens ainda estavam desaparecidos, a vereadora foi chamada por moradores da Providência. Quando ela chegou à favela, ocorria um protesto. Ela contou que telefonou para o coronel Nunes, do Comando Militar do Leste, que é relações-públicas para parlamentares, e pediu a ele a retirada dos militares:
- Os moradores estavam revoltados porque dois dos soldados que seqüestraram os jovens estavam no alto do morro. Eu liguei para o coronel e ele, graças a Deus, atendeu meu pedido.
Líder nega relação do tráfico com protestos
A vereadora chegou ontem ao enterro dos jovens ao lado da presidente da Associação de Moradores da Providência, Vera Melo. Num discurso inflamado, que arrancou aplausos dos presentes, a líder comunitária pediu vingança:
- Não tem tráfico por trás disso (dos protestos). Enquanto tiver vida, vou querer vingança. E quero que os militares sejam julgados por um júri popular.
Revoltados, moradores da Providência fizeram muitas críticas ao Exército. Sem querer se identificar, uma mulher disse que militares instauraram na comunidade um toque de recolher a partir das 22h30m. Outro morador afirmou que os soldados costumam mexer com mulheres e colocar cerveja em cantis à noite. No velório, moradores disseram que soldados fizeram ameaças no domingo à noite. Alguns afirmaram temer novas mortes.