Título: PF apura empréstimos consignados de Zoghbi
Autor: Luiz, Edson; Rocha, Marcelo
Fonte: Correio Braziliense, 14/05/2009, Política, p. 5

Zoghbi, ex-diretor de recursos humanos do Senado: na mira da PF As negociações envolvendo empréstimos consignados feitos pelo ex-diretor de recursos humanos do Senado João Carlos Zoghbi serão os principais alvos da investigação aberta pela Polícia Federal. O inquérito, que será presidido pelo delegado Gustavo Buque, foi instaurado ontem na superintendência da PF e terá prioridade. Além de se aprofundar nos negócios de Zoghbi, a apuração vai abranger suspeitas de fraudes em licitações, prática que o ex-diretor chegou a denunciar, voltando atrás no depoimento prestado à Polícia Legislativa.

Investigadores que já começaram a trabalhar no caso admitem que usarão grande parte da apuração obtida durante a Operação Mão de Obra, realizada em 2006. Desta vez, porém, um dos alvos será o ex-diretor do Senado Agaciel Maia, então responsável pela realização dos processos licitatórios. Citados no relatório final da ação policial, o senador Efraim Moraes (DEM-PI) também poderá ser um dos alvos da PF, mas o caso seria encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por causa do foro privilegiado do político.

A primeira providência da Polícia Federal será requerer ao Senado todos os depoimentos tomados e documentos que possam ser disponibilidados. No pedido de abertura de inquérito feito pelo Ministério Público Federal, há uma série de sugestões de rumos a serem tomados, além de solicitar a quebra de sigilo bancário de Zoghbi e, caso seja necessário mais adiante, de alguns de seus familiares.

Desde a semana passada, a PF estava preparada para iniciar as investigações, inclusive já havia escolhido o delegado Buque para conduzir o caso. Lotado na corregedoria, é considerado um dos policiais mais experientes em atuação na superintendência do Distrito Federal. Ele cuidará exclusivamente da apuração das supostas irregularidades cometidas em torno dos empréstimos consignados no Senado.

Zoghbi é suspeito de ligação com empresas que intermediavam o crédito consignado oferecido por bancos aos servidores da Casa. Segundo a revista Época, o laço ocorre por meio da ex-babá, Maria Isabel Gomes, de 83 anos, usada como laranja para ocultar essa vinculação. Ainda de acordo com a reportagem, Maria Isabel seria sócia majoritária de pelo menos três empresas. Uma delas, a Contata Assessoria de Crédito, teria faturado cerca de R$ 2,3 milhões ao prestar o serviço nos últimos três anos.

Na semana passada, ouvidos pela polícia do Senado, alguns personagens da história, incluindo Maria Isabel, atribuíram a responsabilidade pelo uso da babá como laranja a Marcelo, um dos filhos de Zoghbi. No comando do RH do Senado, o ex-diretor administrava uma folha de pagamento de R$ 3 bilhões anuais, segundo a previsão deste ano.