Título: Solidariedade tucana a Yeda
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 14/05/2009, Política, p. 10

Após denúncias envolvendo a campanha de 2006, gaúcha recebe o apoio de caciques do partido em Brasília. Oposição no estado ainda não tem assinaturas suficientes para CPI

A cúpula do PSDB resolveu pagar para ver no caso das denúncias contra a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), cujo ex-marido, Carlos Crusius, foi acusado de receber R$ 400 mil em propinas pelo empresário Lair Ferst, um dos ex-coordenadores da campanha tucana em 2006. Gravações publicadas pela revista Veja mostram uma conversa entre Ferst e Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda, encontrado morto em fevereiro, no lago Paranoá, em Brasília. Carlos Crusius nega a denúncia: ¿Nunca vi R$ 400 mil juntos na vida¿. Segundo o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), Yeda faz excelente gestão, tem a confiança do partido, mas vive uma guerra com o PT e o PSol no Rio Grande do Sul por causa da candidatura a governador do ministro da Justiça, Tarso Genro.

O líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal, ontem, na Câmara, também contestou as denúncias, que classificou de sem fundamento. ¿Não existe nada contra Yeda na Polícia Federal, nem no Ministério Público. A Polícia Civil de Brasília, que investiga o caso, não concluiu o inquérito, mas tudo indica que foi suicídio. As denúncias têm motivação eleitoral¿, disse. A oposição levanta suspeitas de que houve ¿queima de arquivo¿. Yeda entregou ontem ao presidente do PSDB documentos que comprovariam sua inocência nas denúncias de caixa dois na campanha eleitoral de 2006. Negou ter sido abandonada pela cúpula tucana: ¿Meu partido nunca deixou de me apoiar. Todas as vezes vocês me veem perfeitamente acarinhada pelo partido. O apoio é mútuo, a confiança é mútua e o ativismo partidário é mútuo. Ao contrário dos que querem os que gostam de intriga, continuamos confiantes mutuamente¿, afirmou.

Apesar de reafirmar inocência nas acusações, a governadora criticou as articulações da oposição na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com o objetivo de apurar as denúncias contra o seu governo. ¿Para que CPI se tem as provas? A mesma pasta que dei ao presidente Sérgio Guerra com documentos eu posso dar a vocês. Tem a prova da lisura. Parece interessante que se dê mais importância às denúncias sem provas¿, disse. Yeda entregou a Guerra a prestação de contas de sua campanha eleitoral de 2006 aprovada pelo Tribunal de Contas do estado, na qual consta que recebeu R$ 796 mil de doações de empresas do setor de fumo declarados legalmente, ¿e não R$ 400 mil em caixa dois¿, explica.

Na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, até agora fracassou a tentativa de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar as denúncias. Somente o PT e o PSol assinaram o requerimento, somando apenas 10 das 19 assinaturas necessárias. O líder da oposição, deputado Bohn Gass (PT), tenta recorrer às cúpulas do PSB e do PDT para sair do isolamento. O líder do PMDB, Luiz Záchia, diz que o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal têm mais ¿competência e condições¿ para investigar o caso e teme que uma CPI sirva como ¿palanque¿ para a oposição. Yeda Crusius acusou a proposta de CPI da oposição de ter ¿fins golpistas¿.

A Polícia Federal no Rio Grande do Sul decidiu entrar nas investigações. A decisão partiu do superintendente da Polícia Federal, delegado Ildo Gasparetto, que encaminhou à Procuradoria Regional Eleitoral no Rio Grande do Sul informações sobre as denúncias contra Yeda, e agora espera que o órgão analise o pedido e peça o pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Yeda contratou o advogado Eduardo Alckmin para assumir sua defesa nas acusações de caixa dois eleitoral. Advogado do PSDB junto ao Tribunal Superior Eleitoral(TSE), Alckmin foi designado pela governadora para falar em seu nome daqui para frente. ¿Quem vai agora dar implicação das denúncias sem provas é o advogado que constituí, que é o doutor Alckmin. A governadora não pode ficar respondendo três anos seguidos a denúncias sem provas¿, disse. Alckmin é ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e colega do advogado Eduardo Ferrão, com quem a governadora também se reuniu ontem pela manhã.