Título: Movimentos se defendem
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 15/06/2008, O País, p. 14

Para eles, noticiário influencia resultados

SÃO PAULO. Os movimentos sociais incluídos na pesquisa do Ibope disseram considerar que os resultados atestam o apoio da sociedade aos seus objetivos. Para a direção do MST, porém, as pessoas são influenciadas pelo noticiário sobre as ações dos movimentos - que, semana passada, por exemplo, mostrou ações violentas praticadas por sem-terra contra prédios públicos e privados em todo o país.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) disse ter entendido que a pesquisa mostrou dados favoráveis à sua causa. "Demonstrou que o movimento tem boa aceitação, principalmente entre os que nos conhecem bem, e que palavras como justiça, igualdade e coragem foram as mais usadas para nos definir", respondeu o MAB, que também prefere culpar a mídia pela imagem que a sociedade tem do movimento.

A Comissão Pastoral da Terra destacou que, embora a pesquisa tenha sido feita por uma instituição reconhecida como o Ibope, foi encomendada pela Vale, envolvida nos conflitos.

- A sociedade não está alheia aos movimentos em seu tecido, mas tem tido a mídia como único canal de leitura dos movimentos. A mídia tem associado as organizações camponesas à violência e ao crime - disse Dirceu Fumagalli, da coordenação da CPT.

A Sociedade Rural Brasileira apontou a mídia como causa de 40% dos entrevistados entenderem que os proprietários atingidos pelos movimentos reagem ilegalmente por seus próprios meios.

- Existe falta de informação. Não precisamos usar recursos próprios para combater invasões - disse o presidente da SRB, Cesário Ramalho da Silva, acrescentando que os movimentos perderam o foco.

O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale, Walter Cover, que encomendou a pesquisa, concorda que os movimentos têm passado ao largo da briga pela reforma agrária:

- Querem mudança do modelo econômico ou temas que nada têm a ver com a Vale, que vem sendo alvo das invasões.