Título: G-8 petróleo e alimentos afetam Pib
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Fonte: O Globo, 15/06/2008, Economia, p. 35
Ministros de países ricos mostram preocupação, mas não propõem meOSAKA, Japão, e RIAD, Arábia Saudita. As nações mais ricas do mundo afirmaram ontem que os preços elevados das commodities podem abocanhar um pedaço do crescimento econômico, mas não anunciaram um plano para acalmar os mercados ou abrandar os protestos sobre o custo de combustíveis e alimentos. Os ministros de Finanças do G-8 (EUA, Canadá, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia) estiveram reunidos na cidade japonesa de Osaka para discutir a crise global provocada pela alta das commodities. A maioria dos membros do G-8 importa petróleo.
¿Os preços elevados das commodities, especialmente de petróleo e alimentos, representam um sério desafio para estabilizar o mundo, têm sérias implicações para os mais vulneráveis e podem aumentar a pressão inflacionária global¿, afirmaram os ministros em um comunicado.
O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, disse que o petróleo caro pode prorrogar a desaceleração da economia americana, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) falou em prolongada fraqueza econômica. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, também participou do encontro. O comissário econômico da União Européia, Joaquin Almunia, alertou sobre uma estagflação como a dos anos 1970.
Itália pede regulação maior. EUA e britânicos se opõem
O G-8 reconheceu a dificuldade em sustentar o crescimento após problemas no setor imobiliário dos EUA gerarem uma crise global de crédito. O risco de os preços recordes do petróleo e de alimentos contagiarem salários e outros custos tornou ¿as escolhas de políticas mais complicadas¿, acrescentou o G-8.
A Itália pediu uma regulação maior nos mercados futuros de petróleo, que tornasse essas operações mais caras, a fim de desencorajar a especulação. Mas encontrou resistência de EUA e Grã-Bretanha, que abrigam os maiores mercados de commodities do mundo.
¿ Essa aceleração nos preços reflete tendências de longo prazo na oferta e na demanda globais, bem como um forte crescimento econômico que coincidiu com um período de pouco investimento na produção de petróleo ¿ disse Paulson.
Muitos ministros aparentaram mais preocupação com o desaquecimento das economias atingidas pela crise de crédito do que com o aumento dos preços. Mas, à guisa de concessão, eles pediram ao FMI que analise as razões para o barril do petróleo estar perto do patamar recorde de US$140.
¿ É difícil distinguir entre uma empresa aérea que busca se proteger da alta do combustível, o que é um planejamento sensato, e alguém que está simplesmente especulando ou jogando com o preço do petróleo ¿ afirmou o ministro de Finanças britânico, Alistair Darling.
Sua colega da França, Christine Lagarde, afirmou que a fraqueza do dólar e a inflação das commodities estão interligadas. Paulson discordou e reafirmou o discurso americano de defesa de um dólar forte.
Para os mercados, os EUA têm adotado em relação ao dólar uma política de ¿negligência benigna¿ : falam sobre a virtude de um câmbio forte enquanto se beneficiam do aumento nas exportações provocado pela desvalorização de sua moeda.
Como o grupo não discutiu o câmbio, analistas acreditam que o dólar pode voltar a cair amanhã. A desvalorização do dólar é um dos fatores que têm puxado a alta do petróleo, já que ela leva os investidores para as commodities. O encontro dos ministros é uma preparação para o encontro de cúpula do G-8, mês que vem.
Arábia Saudita pode anunciar alta da produção
No Fórum Internacional de Energia, em Riad, o ministro britânico de Energia, Malcolm Wicks, afirmou que os países pobres são os mais afetados pela alta do petróleo. E disse ainda que o desequilíbrio entre oferta e demanda pode durar muitos anos.
Espera-se hoje um pronunciamento do ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi. Os jornais ¿New York Times¿ e ¿Middle East Economic Survey¿ especularam ontem sobre uma possível alta na produção do país, de 500 mil barris por dia. Isso levaria a produção saudita ao recorde de 10 milhões de barris diários.
No dia 22, países produtores e consumidores se reunirão na Arábia Saudita para discutir a disparada dos preços. didas