Título: Gabeira pede saída da atual direção do PV
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Fonte: O Globo, 14/06/2008, O País, p. 8
Deputado, candidato a prefeito do Rio, diz não acreditar que denúncias atinjam sua campanha
O deputado federal e pré-candidato a prefeito do Rio pelo PV, Fernando Gabeira, sugeriu ontem que a direção do PV se afaste temporariamente por causa das suspeitas de que o partido usou notas fiscais frias na prestação de contas enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2004 e 2005. Ele pediu auditoria no PV para apurar as denúncias e disse acreditar que o caso não trará problema para sua campanha:
- O ideal é que a direção se afastasse desde agora. Já tinha pedido uma auditoria, e todos são testemunhas disso. Claro que existe associação entre o PV e a minha imagem, mas não tem influência sobre a minha candidatura. Não participo da bancada do partido, sou da oposição.
Já o presidente nacional do PV, José Luiz de França Penna, se defendeu das suspeitas publicadas em reportagem de ontem da "Folha de S.Paulo" e do GLOBO de março. As matérias mostram que as empresas citadas na prestação de contas deveriam funcionar na cidade de Campina do Monte Alegre (a 230 km de São Paulo), mas já não existiam no momento em que emitiram as notas.
- Não tem nada de errado com as notas. Nenhuma empresa no mundo é obrigada a permanecer no mesmo endereço. Repudio as acusações, pois as prestadoras de serviço passaram a funcionar em outros lugares - disse Penna.
A equipe técnica do TSE confirmou a suspeita e considerou irregulares as contas prestadas pelo PV referentes aos anos de 2004 e 2005. Nas contas de 2004, os técnicos solicitaram ao PV que tomasse medidas para equacionar a contabilidade. Com relação a 2005, os problemas eram tantos que foi recomendado ao ministro relator, Carlos Caputo Bastos, a desaprovação das contas. Se a Corte concordar com a sugestão, o PV perderá o direito à fatia do fundo partidário, custeado pelos cofres públicos. Esta é a maior fonte de renda da legenda - que, em 2007, recebeu R$4,1 milhões do fundo. Ainda não há data marcada para o TSE julgar as contas do PV.
Segundo o parecer técnico do TSE, o PV gastou pelo menos R$132,6 mil em 2005 do fundo e não comprovou corretamente o destinatário do dinheiro. Desse total, R$87.122,26 foram gastos com passagens aéreas, e R$45.476,93 foram desembolsados pelo partido sem a apresentação de nota fiscal para comprovar o gasto.